Desemprego
recua para 13,9% no 4º trimestre, mas é o maior para o ano
Segundo o
IBGE, resultado interrompe queda iniciada em 2018
Publicado
em 26/02/2021 - 10:10 Por Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil -
Rio de Janeiro
O desemprego recuou
para 13,9% no quarto trimestre de 2020, depois de atingir 14,6% no trimestre
anterior. Mas a taxa média de desocupação para o ano passado foi de 13,5%, a
maior desde 2012, o que corresponde a cerca de 13,4 milhões de pessoas buscando
trabalho no país.
O resultado
para o ano interrompe a queda na desocupação iniciada em 2018, quando ficou em
12,3%. Em 2019, o desemprego foi de 11,9%. Os dados são da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (26) pelo
Instituto de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a
analista da pesquisa, Adriana Beringuy, essa reação do mercado de trabalho no
quarto trimestre já era esperada. “O recuo da taxa no fim do ano é um
comportamento sazonal por conta do tradicional aumento das contratações
temporárias e aumento das vendas do comércio. É interessante notar que mesmo
num ano de pandemia, o mercado de trabalho mostrou essa reação”, afirmou, em
nota.
O resultado no
quarto trimestre foi puxado pelo aumento na ocupação em quase todos os grupos
de atividades: agricultura (3,4%), indústria (3,1%), construção (5,2%),
comércio (5,2%), alojamento e alimentação (6,5%), informação e comunicação
(5,8%) outros serviços (5,9%), serviços domésticos (6,7%) e administração
pública (2,9%). Apenas transporte ficou estável.
Pandemia
A analista do
IBGE destacou que, no ano passado, houve uma piora nas condições do mercado de
trabalho por causa da pandemia de covid-19.
“A necessidade de medidas de distanciamento social para o controle da propagação do vírus paralisaram temporariamente algumas atividades econômicas, o que também influenciou na decisão das pessoas de procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas ao longo do ano, um maior contingente de pessoas voltou a buscar uma ocupação, pressionando o mercado de trabalho”, disse.
De acordo com
o IBGE, no intervalo de um ano, a população ocupada reduziu 7,3 milhões de
pessoas, chegando ao menor número da série anual.
“Saímos da
maior população ocupada da série, em 2019, com 93,4 milhões de pessoas, para
86,1 milhões em 2020. Ou seja, foi uma queda bastante acentuada e em um período
muito curto, o que trouxe impactos significativos nos indicadores da pesquisa.
Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para
trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%”,
acrescentou Adriana.
Em um ano, o
número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado
(excluindo trabalhadores domésticos) teve redução recorde, menos 2,6 milhões,
um recuo de 7,8%, ficando em 30,6 milhões de pessoas. Os trabalhadores
domésticos (5,1 milhões) diminuíram 19,2%, também a maior retração já
registrada.
Foi registrada
redução de 1,5 milhão de pessoas entre os trabalhadores por conta própria, que
somaram 22,7 milhões, retração de 6,2% em relação a 2019. O número de
empregados sem carteira assinada no setor privado (9,7 milhões) caiu 16,5%,
menos 1,9 milhão de pessoas. O total de empregadores recuou 8,5%, ficando em 4
milhões.
Segundo a
pesquisa, a taxa de informalidade passou de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020, o
que representa 33,3 milhões pessoas sem carteira assinada (empregados do setor
privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por
conta própria) ou trabalhadores sem remuneração.
De acordo com
o IBGE, outro destaque foi a alta recorde no total de pessoas subutilizadas,
que são aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas
ou na força de trabalho potencial. Em 2020, esse contingente chegou a 31,2
milhões, o maior da série, um aumento de 13,1% com mais 3,6 milhões de pessoas.
Os
desalentados, que desistiram de procurar trabalho devido às condições
estruturais do mercado, chegaram a 5,5 milhões de pessoas 2020, alta de 16,1%
em relação ao ano anterior. É também o maior contingente da série anual da Pnad
Contínua.
“Com os
impactos econômicos da pandemia, muitas pessoas pararam de procurar trabalho
por não encontrarem na localidade em que vivem ou por medo de se exporem ao
vírus. Durante o ano de 2020, observamos que a população na força de trabalho
potencial cresceu devido ao contexto. Esse processo causado pela pandemia,
somado às dificuldades estruturais de inserção no mercado de trabalho, podem
ter reforçado a sensação de desalento”, afirmou a analista da pesquisa.
Impulsionada
pelos segmentos de saúde e educação, a administração pública cresceu 1%, com
mais 172 mil trabalhadores, Já construção fechou 2020 com perda de 12,5% na
ocupação, seguido de comércio (9,6%) e indústria (8,0%). Os serviços também
foram os mais afetados, com destaque para alojamento e alimentação (21,3%) e
serviços domésticos (19%).
Em 2020, o
rendimento médio real dos trabalhadores foi de R$ 2.543, crescimento de 4,7% em
relação a 2019. Já a massa de rendimento real, que é a soma de todos os
rendimentos dos trabalhadores, atingiu R$ 213,4 bilhões, redução de 3,6% frente
ao ano anterior.
0 Comentários