Junta
militar de Myanmar enfrenta greve geral
Autoridades
alertaram que confrontos podem custar vidas
A polícia de
Myanmar começou a dispersar manifestantes pró-democracia nesta segunda-feira
(22), e negócios de todo o país se uniram a uma greve geral convocada em
oposição ao golpe militar, apesar de as autoridades terem alertado que
confrontos podem custar vidas.
Três semanas
depois de tomar o poder, a junta tem sido incapaz de conter os protestos
diários e um movimento de desobediência civil que clama pela reversão do golpe
de 1º de fevereiro e a libertação da líder eleita Aung San Suu Kyi.
Hoje, foram
registrados protestos em cidades pequenas e grandes de todo o país, das colinas
do norte que fazem divisa com a China às planícies centrais, do delta do Rio
Irrawaddy ao cabo do extremo sul, como mostraram imagens nas redes sociais.
Na capital
Naypyitaw, onde os militares estão sediados, um caminhão de jato d'água da
polícia e vários outros veículos se reuniram para interromper uma procissão de
manifestantes que cantavam e fugiram quando policiais os perseguiram a pé,
derrubando vários no chão.
"Eles
estão nos perseguindo e prendendo. Só estamos protestando pacificamente",
disse uma mulher em um vídeo publicado no Facebook.
Dessa vez, a
reação das forças de segurança foi menos mortal do que na repressão de fases
anteriores dos tumultos em quase meio século de controle militar, mas três
manifestantes foram mortos -- dois baleados em Mandalay, no sábado (20), e uma
mulher baleada anteriormente em Naypyitaw que morreu sexta-feira.
O Exército
disse que um policial morreu em decorrência de ferimentos sofridos nos
protestos.
Na noite desse
domingo, a mídia estatal MRTV alertou os manifestantes que eles podem ser
mortos.
"Agora os
manifestantes estão incitando as pessoas, especialmente adolescentes e jovens
emotivos, a um caminho de confronto no qual sofrerão a perda de vidas",
disse a emissora.
Ainda nesta
segunda-feira, o Facebook disse que retirou páginas da MRTV devido a violações
reiteradas de seus padrões, incluindo a diretriz de violência e incitação. No
domingo, a plataforma apagou a página principal dos militares pela mesma razão.
O alerta da
junta não desestimulou as pessoas a comparecerem às dezenas de milhares.
"O
desfecho das próximas semanas será determinado só por duas coisas: a vontade de
um Exército que reprimiu muitos protestos antes e a coragem, habilidade e
determinação dos manifestantes (grande parte da sociedade)", disse o
escritor e historiador Thant Myint-U no Twitter.
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