Marte
recebe mais três sondas espaciais a partir de hoje
Primeira
a chegar é a Hope (Esperança), dos Emirados Árabes Unidos
Publicado em
09/02/2021 - 07:00 Por Agência Brasil* - Brasília
O Planeta
Vermelho recebe, a partir desta terça-feira (9), mais três sondas espaciais
terrestres. A primeira a chegar é a Hope (Esperança), dos Emirados Árabes Unidos.
Seguem-se, amanhã (10), a chinesa Tianwen-1 (Astronomia 1) e, no dia 18, a
norte-americana Perserverance (Perseverança). As três sondas, duas das quais
levam rovers (veículos exploratórios), têm missões muito diferentes, mas com um
objetivo comum: conhecer melhor o planeta.
As sondas
foram lançadas há cerca de sete meses, período em que a distância entre a Terra
e Marte era a menor nos próximos dois anos e, agora, o mês de fevereiro é
finalmente o momento de colocá-las no local para onde foram programadas.
Cada sonda
teve de percorrer uma longa etapa, cerca de 400 milhões de quilômetros entre os
dois planetas, sem que as equipes saibam o desfecho de suas criações. Uma das
fases mais críticas da missão é a de travar as sondas para que não cheguem
demasiado depressa ao planeta, o que pode significar a automática destruição no
solo vermelho.
Segundo o
especialista português Miguel Gonçalves, essa espécie de corrida é a incessante
procura por vida em Marte. “Esta corrida a Marte explica-se pelos mistérios do
passado, do presente e muito provavelmente do futuro, que Marte continua a
disputar na comunidade científica. Nos leva sempre àquela questão em que os
autores de ficção científica estão muito habituados, que é a astrobiologia, ou
seja, a eventual vida em Marte”.
As sondas -
muitas já estão lá e outras não conseguiram sobreviver, desde os anos 60 -
procuram desvendar o que se passou geologicamente no planeta e se ainda há
presença de vida no subsolo. “Porque perceber a evolução de um planeta é também
perceber a evolução do nosso próprio planeta”, diz Gonçalves.
O sucesso
das missões não pode ser garantido. Mais da metade das viagens de sondas a
Marte falharam. Na verdade, apenas os Estados Unidos conseguiram aterrissar
aparelhos, já por oito vezes desde 1976, e alguns com delicados ou pesadíssimos
instrumentos, como é o caso dos veículos exploratórios Sojourner -1997, Spirit
and Opportunity - 2004 e Curiosity - 2012.
Hope
A corrida a
Marte abre-se com uma janela de esperança. Pelo menos assim esperam os
estreantes espaciais dos Emirados Árabes Unidos. Lançada a partir do Centro
Espacial Tanegashima, no Japão, em 19 de julho de 2020, a sonda Hope, da
Emirates Mars Mission, é a primeira a alcançar e a tentar orbitar Marte.
A missão
dessa sonda não é pousar na superfície, mas sim orbitar o planeta por um ano
marciano inteiro (687 dias). A principal missão será monitorar os ciclos
meteorológicos do planeta. Dentro dessa pesquisa, a Hope vai procurar dados que
possam, de alguma forma, fornecer informação sobre o por quê de Marte estar
perdendo hidrogênio e oxigênio para o espaço.
Embora esta
não seja a primeira sonda a orbitar Marte - há 14 satélites fazendo isso - a
sonda EMM é mais um marco e um símbolo do progresso científico dos Emirados
Árabes Unidos nesse campo, sendo a quinta nação a alcançar o planeta,
coincidindo com o 50º aniversário do seu nascimento.
“É uma
missão muitíssimo interessante”, diz Miguel Gonçalves. “Estamos falando da
primeira nação árabe que chega a outro corpo do sistema solar. Esta é uma
missão que tem carga científica modesta, e a Hope vai ficar em órbita muito
elevada para conhecer a alta atmosfera de Marte”.
A missão
espacial tem ainda outra particularidade, a cooperação internacional, com muita
tecnologia e engenharia norte-americana e o lançamento por um foguete japonês.
Serve também a um objetivo futuro: os líderes árabes querem inspirar os jovens
para que estudem essa área promissora, além de preparar o país para outra
economia.
Tianwen 1
Depois de
duas missões, com excelente resultado, à face oculta da Lua, a China quer agora
marcar presença em Marte com um pequeno veículo cientifico.
Lançada em
23 de julho de 2020, a missão chinesa Tianwen-1 tem como objetivo, à semelhança
do que fez na lua, colocar um veículo exploratório na superfície marciana. Mas
apesar de a sonda que transporta o rover chegar no dia 10 de fevereiro, o
módulo de pouso só deverá entrar em Marte em maio. A equipe cientifica chinesa
vai analisar o melhor local para a aterrissagem.
Embora
muitos detalhes sobre a Tianwen sejam ainda desconhecidos, os objetivos
centrais já foram revelados e incluem a criação de um mapa geológico de Marte e
a localização de potenciais depósitos de gelo de água. Uma tarefa que será
feita em órbita e que deverá determinar o local para onde o rover, de 240
quilos, equipado com seis instrumentos, incluindo duas câmaras e um radar, será
enviado.
Para Miguel
Gonçalves, apesar de o investimento ser ainda modesto, a China continua a
investir significativamente em seu programa de exploração espacial: “Com um
orçamento muito poderoso. Lembro que o orçamento da Nasa, a agência espcial
norte-americana, anda por volta dos US$ 20 bilhões. O programa espacial chinês,
segundo dados de 2017, tinha orçamento de US$ 11 bilhões.
A missão chinesa é já a segunda tentativa de chegar a Marte. A primeira foi em 2011, tendo a Yinghuo ficado presa à órbita da Terra após o mau funcionamento. Rover Perseverance, dos EUA.
Rover
Perseverance
“Depois de
os primeiros rovers terem demonstrado capacidade, resistência e eficácia, quer
nos resultados, quer nos objetivos mais do que superados na dura superfície
marciana, a Nasa continua a apostar no envio de mais um equipamento com vasto
laboratório ambulante.
Com essa
aposta, que se soma ao Spirit e à Curiosity, os norte-americanos continuam a
procurar vestígios biológicos em Marte. Sem perder a Opportunity, enviaram mais
um sofisticado SUV científico.
Para chegar
ao seu objetivo, a agência espcial norte-americana quer aterrisar o novo
veículo na cratera de Jezero - um lugar que se acredita ter concentrado água há
cerca de 3,5 bilhões de anos.
A
Perserverance é, de todos os modelos já enviados pela Nasa, o mais pesado
(1.050 quilos), mas também o mais bem equipado, com 23 câmaras de media de alta
resolução e uma broca para recolher amostras do solo.
Esse carro
blindado, à prova da exigente meteorologia marciana, também vai equipado com microfones,
que prometem aos cientistas e a todos os interessados nesse tipo de missão
exploratória registrar e enviar para a Terra os primeiros sons na superfície de
outro planeta. Transportará ainda um helicóptero de 1,8 quilos (Ingenuity), que
irá sobrevoar várias zonas de Marte, transmitindo o sinal ao rover, que fará
chegar os dados e imagens à Terra.
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