Monitor do
PIB sinaliza que economia teve retração de 4% em 2020
A
informação foi divulgada hoje pela FGV
Publicado em
19/02/2021 - 12:10 Por Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil - Rio
de Janeiro
O Monitor do
PIB-FGV sinaliza que a atividade econômica retraiu 4% em 2020. O dado foi
divulgado hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio
Vargas (Ibre/FGV).
Pela ótica da
produção, dos três grandes setores (agropecuária, indústria e serviços), apenas
a agropecuária cresceu no ano (2%). Enquanto pela ótica da demanda, todos os
componentes retraíram, com destaque para o consumo das famílias com recuo de
5,2% no ano.
Para o
coordenador do Monitor do PIB-FGV, Claudio Considera, a expressiva queda de 4%
da economia em 2020 consolida retrações disseminadas em diversas atividades
econômicas, em decorrência da pandemia de covid-19.
Segundo ele,
embora a economia tenha acelerado no final do ano, com crescimento de 3,4% no
quarto trimestre e de 1% em dezembro, nas comparações com os períodos
imediatamente anteriores e com iguais períodos do ano de 2019, os resultados
não foram suficientes para compensar a perda expressiva que o Produto Interno
Bruto (PIB - a soma de bens e serviços produzidos no país) sofreu,
principalmente, no segundo trimestre.
“Os desafios
para 2021 mostram-se grandes a partir deste cenário, tendo em vista que devido
ao crescimento lento de 2017-2019 a economia foi capaz de recuperar as perdas
da recessão de 2014-2016. Com o choque adverso enfrentado em 2020, que ainda
não foi totalmente eliminado, os resultados de 2014, pico da série histórica,
parecem cada vez mais distantes de serem alcançados”, afirmou em nota.
Em termos
monetários, estima-se que o PIB de 2020, em valores correntes, alcançou a cifra
de R$ 7 trilhões, 434 bilhões e 248 milhões.
O resultado do
PIB de 2020 interrompeu a trajetória de crescimento que se estendia por três
anos e retornou ao patamar de 2016. A preços constantes de 2020, o PIB de 2020,
embora seja um pouco maior que o de 2016, ainda é inferior aos do período 2017
a 2019. A valores de 2020, o PIB per capita equivale a R$ 35.108, menor valor
desde 2008.
Já a taxa de
investimento da economia foi de 16,1% em 2020, a maior desde 2015 (17,3%).
Análise
trimestral e mensal
Na análise
trimestral, o PIB apresentou, na série com ajuste sazonal, crescimento de 3,4%
no quarto trimestre, em comparação ao terceiro trimestre, mostrando aceleração
da atividade econômica no final do ano. Em relação ao quarto trimestre de 2019,
o PIB apresentou retração de 0,8%.
Na análise
mensal, o PIB teve crescimento de 1% em dezembro, na comparação com novembro.
Na comparação interanual, o resultado do PIB de dezembro foi de crescimento de
1,4%; o primeiro resultado positivo após nove meses consecutivos de quedas.
Consumo das
famílias
Segundo a
pesquisa, o consumo das famílias retraiu 5,2% em 2020, em comparação a 2019.
Este componente, que foi um dos principais responsáveis pelo crescimento da
economia, após a recessão de 2014-2016, apresentou expressivo recuo em 2020,
com a disseminação da pandemia de covid-19.
O consumo de
serviços foi o que mais recuou em 2020 devido, principalmente à retração do
consumo de serviços de alojamento e alimentação, saúde privada e serviços
gerais prestados às famílias.
Na análise
mensal interanual, o consumo de produtos não duráveis e duráveis cresceu em
dezembro de 2020. O forte crescimento de 10,2% do consumo de produtos duráveis
foi devido ao aumento do consumo de todos os segmentos que compõem este tipo de
bens.
O consumo de
produtos não duráveis cresceu devido, principalmente, ao consumo de produtos
alimentícios e farmacêuticos, padrão recorrente no ano de 2020. A maior queda
continuou sendo a do consumo de serviços, por causa, sobretudo, das retrações
do consumo de alojamento, alimentação e demais serviços prestados as famílias,
todos dependentes da interação social, dificultada devido à pandemia.
Investimentos
A Formação
Bruta de Capital Fixo (FBCF), que são os investimentos, recuou 2,9% em 2020, em
comparação a 2019. O componente de máquinas e equipamentos, que apresentou
maior contribuição para o crescimento da FBCF ao longo de 2018 e 2019, foi o
principal responsável pela retração em 2020. O segmento de máquinas e
equipamentos que mais influenciou neste expressivo recuo foi o de automóveis,
camionetas e utilitários.
Na comparação
interanual, a FBCF cresceu 14,5% em dezembro de 2020, devido, principalmente,
ao crescimento de 36,3% do componente de máquinas e equipamentos. Esse aumento
foi disseminado entre diversos segmentos, porém os de caminhões e ônibus;
tratores e outras máquinas agrícolas e; máquinas e equipamentos mecânicos em
geral foram os que tiveram maiores destaques positivos.
Exportação
A exportação
retraiu 1,9% em 2020, em comparação a 2019. Os segmentos exportados que
recuaram no ano foram os bens intermediários, os serviços e os bens de capital;
com destaque para este último que contraiu 33,5% no ano. Em contrapartida, os
segmentos que apresentaram desempenho positivo foram os de produtos
agropecuários, produtos da extrativa mineral e os bens de consumo.
Importação
A importação
apresentou retração de 10,3% em 2020 na comparação com 2019. À exceção da
importação de produtos agropecuários, que cresceu 2,3% no período, todos os
demais segmentos recuaram em 2020. A importação de serviços foi a principal
responsável pela queda na importação com recuo de 28,4%, no ano.
Apesar de apenas
dois segmentos da importação terem crescido em dezembro, o total da importação
aumentou 10,3% na comparação interanual. Mesmo com as quedas nos demais
componentes, o crescimento expressivo dos bens intermediários (39,7%) e dos
bens de capital (34,8%) impulsionaram o total importado.
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