Myanmar:
governo militar bloqueia internet em meio a protestos
ONU pede
libertação de líderes civis detidos pelas Forças Armadas
O governo
militar de Myanmar bloqueou o acesso à internet neste sábado (6) para tentar
evitar a propagação daqueles que foram os maiores protestos desde o golpe que
depôs o Executivo civil e prendeu seus principais líderes, incluindo o ganhador
do Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
Entidades como
a Organização da Sociedade Civil de Myanmar e a Anistia Internacional
denunciaram que o governo de fato bloqueou não apenas as redes sociais, mas
também a conexão à internet por meio de telefones celulares.
Essas
organizações pediram às principais empresas de telecomunicações do país que não
cortassem as linhas telefônicas, que descrevem como "as únicas formas de
comunicação" do país asiático. O Exército já havia solicitado o bloqueio
de redes como Instagram, Twitter e Facebook, o que foi denunciado por entidades
como a Human Rights Watch, informou a agência Europa Press.
Apesar da
queda do serviço, meios de comunicação como o Channel News Asia ou o Myanmar
News noticiaram as manifestações de milhares de pessoas, em alguns casos
bloqueando ruas, como aconteceu na capital, Naipyidó, ou em Rangoon, maior
cidade do país. "Abaixo a ditadura militar", gritavam os
manifestantes, agitando bandeiras vermelhas com as cores da Liga Nacional para
a Democracia, partido de Suu Kyi, que estava no poder desde 2015, informou a
agência de notícias AFP.
Imagens de
pessoas com os braços levantados e três dedos levantados também foram
divulgadas, uma saudação que se tornou um sinal de rebelião na Ásia e foi
replicada em outros protestos, como os contra a monarquia na Tailândia. As
Forças Armadas derrubaram o governo na segunda-feira (1º) e prenderam os
principais políticos, argumentando que nada foi feito a respeito das denúncias
de fraude nas eleições de novembro, feitas pelos próprios militares.
O atual chefe
do Exército, general Min Aung Hlaing, que enfrenta denúncias de genocídio em
tribunais argentinos, autoproclamou-se líder por um ano e depois realizou
eleições que considerou "livres e justas". Assim, encerrou-se uma
década de governos civis que assumiram após quase meio século de ditadura em um
país que tem uma longa história de conflitos étnicos desde sua independência do
Reino Unido em 1948.
A Organização
das Nações Unidas (ONU) teve o primeiro contato com os militares de Myanmar na
sexta-feira, informou o secretário-geral Antonio Guterres, que insistiu no
apelo para que os líderes civis fossem libertados e exigiu que a comunidade
internacional se unisse para condenar a situação. O Conselho de Segurança da
ONU aprovou uma declaração conjunta pedindo a libertação dos detidos, mas não
condenou formalmente o golpe.
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