OIT:
trabalho digital cresce 5 vezes e ameaça direitos trabalhistas
Alerta é da
Organização Internacional do Trabalho
Publicado em
24/02/2021 - 06:30 Por Avi Asher-Schapiro - Repórter da Reuters – Berlim
As plataformas
digitais cresceram cinco vezes ao longo da última década, oferecendo
oportunidades a alguns, mas também afetando os direitos trabalhistas, alertou
nessa terça-feira (23) a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
De aplicativos
como o Uber, e mercados virtuais, como o UpWork, que conectam trabalhadores
informais a clientes, a programas que permitem que os empregadores
supervisionem seus funcionários, as plataformas digitais transformam a natureza
do trabalho, disse a OIT - agência da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Em seu
melhor [aspecto], essas plataformas oferecem novas oportunidades", disse
Guy Ryder, chefe da OIT, que entrevistou 12 mil trabalhadores de 100 países, 70
negócios e 16 empresas no primeiro relatório detalhado da economia de
plataformas da entidade.
"Há
oportunidades para trabalhadores deficientes, para aqueles em localidades
remotas. Existem indícios de que esses que estão desempregados ou
marginalizados podem encontrar um caminho para o mercado de trabalho",
disse ele em entrevista à Thomson Reuters Foundation.
A pandemia de
covid-19 acelera a migração para uma economia digital, mudando a maneira como o
trabalho foi organizado e regulamentado durante décadas. Com a perda de
empregos, milhões se tornaram trabalhadores ocasionais, oferecendo condução a
pedido, entregas ou cuidados para crianças.
Mas, em muitos
casos, o trabalho é mal remunerado - metade dos que trabalham virtualmente
ganha menos de US$ 2 por hora - e carece de acesso a benefícios trabalhistas
tradicionais, como negociações coletivas, seguro e proteções contra lesões
relacionadas à função, segundo a OIT.
Normalmente, as plataformas classificam os trabalhadores como prestadores de serviço independentes, e os direitos dependem dos próprios termos de serviço das plataformas e não de leis trabalhistas.
A OIT
encontrou desigualdades consideráveis nas plataformas. Trabalhadores de países
em desenvolvimento recebem 60% menos do que os de países desenvolvidos, mesmo
depois de controlarem características básicas e tipos de tarefas.
Mais de 70%
dos taxistas relataram que seu número diário médio de viagens e rendimentos
diminuiu depois que uma plataforma dominou o mercado.
Ryder pediu
que direitos trabalhistas já estabelecidos no mundo "analógico", como
benefícios de saúde, sejam protegidos no mundo do trabalho para plataformas.
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