ONU
denuncia dez anos de crimes de guerra na Síria
Relatório é
da Missão de Investigação das Nações Unidas para o país
Publicado
em 18/02/2021 - 08:07 Por Agência Brasil* - Damasco
A Missão de
Investigação das Nações Unidas (ONU) para a Síria apresentou hoje (18)
relatório "sobre dez anos de crimes de guerra" no país, praticados
por todas as facções, com a ajuda da "negligência internacional".
O relatório é
o 33º documento da missão de investigação e vai ser apresentado formalmente ao
Conselho de Direitos Humanos da ONU no dia 11 de março, pouco antes da data que
marca os dez anos do conflito sírio.
O documento
diz que a guerra obrigou metade da população do país a abandonar o local de
residência e condena a extrema pobreza que atinge seis em cada dez cidadãos do
país.
"As
crianças, mulheres e homens da Sírias pagaram o preço imposto por um regime
autoritário que atuou violentamente para neutralizar a dissidência, enquanto o
oportunismo de alguns atores estrangeiros, por meio do financiamento, de armas
e outras `influências` avivou um fogo que o mundo se limitou a ver",
afirmou o presidente da missão, o brasileiro Paulo Pinheiro.
O documento,
de 31 páginas, mostra que desde março de 2011 a população civil sofreu abusos
que em alguns casos constituem "crimes de guerra, contra a humanidade e
outros delitos internacionais, incluindo o genocídio".
O relatório
destaca que o regime de Bashar al Assad tirou partido da suposta luta contra o
terrorismo para bombardear indiscriminadamente alvos civis, incluindo
hospitais, instalações médicas, escolas e tendas de refugiados. Os ataques
contra jornalistas "são um dos objetivos prioritários do regime de Al
Assad".
Segundo as
Nações Unidas, os ataques contra civis também foram praticados por outras
intervenções no conflito, como o grupo radical Estado Islâmico, as milícias
curdas, a aliança islâmica Hayat Tharir al Sham (a antiga Frente al Nusra) ou a
coligação apoiada pelos Estados Unidos.
Outros crimes
que se encontram documentados pela ONU incluem saques, ataques contra o
patrimônio cultural (especialmente por parte do Estado Islâmico, "mas não
exclusivamente"), cercos a cidades ou bloqueios à ajuda humanitária.
Dos 22 milhões
de pessoas que habitavam a Síria antes da guerra, mais de 11,5 milhões
encontram-se deslocados e 5 milhões encontram-se refugiados em outros países,
principalmente na Turquia, Jordânia, Líbano e Egito.
O relatório
termina com um novo pedido de cessar-fogo permanente, sob a supervisão do
Conselho de Segurança das Nações Unidas, assim como defende processos judiciais
sobre crimes cometidos no país em guerra.
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