Relatório da
ONU alerta para aumento de extremismo durante pandemia
Entre os
países ameaçados estão Afeganistão, Síria e Iraque
Publicado em
05/02/2021 - 06:23 Por RTP - Nova York
Um painel de
peritos da Organização das Nações Unidas (ONU) considera que a pandemia do novo
coronavírus fez aumentar a ameaça de grupos extremistas, como Estado Islâmico e
Al Qaeda, em zonas de conflito, incluindo o Afeganistão, a Síria, o Iraque e
Moçambique.
Num relatório
para o Conselho de Segurança da ONU, divulgado na madrugada desta sexta-feira
(5) em Lisboa, o painel afirmou que a ameaça extremista continuou a aumentar
nas zonas de conflito na última metade de 2020, porque "a pandemia inibiu
as forças da lei e da ordem mais do que os terroristas", que conseguem
mover-se livremente, apesar das restrições impostas para combater a covid-19.
Segundo o
painel, alguns Estados-membros da ONU, não nomeados, consideraram que, à medida
que as restrições impostas para combater a pandemia vão sendo suspensas em
vários locais, "pode ocorrer uma erupção de ataques pré-planejados".
"O custo
econômico e político da pandemia, o agravamento dos fatores subjacentes ao
extremismo violento e o impacto esperado nos esforços antiterrorismo são
suscetíveis de aumentar a ameaça a longo prazo", alertaram os peritos. O
Iraque e a Síria continuam a ser "a área central" para o grupo jihadista
Estado Islâmico (EI), enquanto a Região Noroeste da Síria, onde a Al Qaeda tem
grupos afiliados, é "uma fonte de preocupação".
De acordo com
os peritos, o Afeganistão continua a ser "o país "mais afetado pelo
terrorismo no mundo".
Apesar do
acordo entre os Estados Unidos e o talibã, em 29 de fevereiro do ano passado, e
do início de conversações entre eles e o governo afegão, em setembro, a
situação no país "continua a ser um desafio", segundo o relatório.
Mais de 600
civis afegãos e 2,50 mil membros das forças de segurança no país foram mortos
em ataques desde 29 de fevereiro de 2020, segundo o painel, acrescentando que
"as atividades terroristas e a ideologia radical continuam a ser uma fonte
potencial de ameaças para a região e em nível global".
No Iraque e na
Síria, conforme os peritos, não há indicação de que o EI possa reconstituir o
seu autodeclarado "califado", derrotado em 2017, e que chegou a
abranger um terço tanto do Iraque quanto da Síria, mas o grupo extremista
"irá certamente explorar a sua capacidade de permanecer numa região
caracterizada por perspectivas limitadas de estabilização e reconstrução".
O relatório estima que 10 mil combatentes do EI permaneçam ativos no Iraque e na Síria. Os peritos destacaram ainda que os grupos extremistas fizeram progressos na África, na região de Cabo Delgado, em Moçambique, "entre as áreas mais preocupantes".
Em Cabo
Delgado, membros do Estado Islâmico tomaram cidades e aldeias e continuam a
manter o Porto de Mocímboa da Praia, apesar de uma ofensiva governamental
sustentada, diz o levantamento.
Na Europa,
ataques na Áustria, França, Alemanha e Suíça, entre setembro e novembro do ano
passado, mostraram a ameaça permanente de terrorismo, apontou o painel.
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