5G: mais de
9 milhões de lares terão de custear troca da parabólica
Serviço
audiovisual não poderá mais ser prestado como é hoje
Publicado em
09/03/2021 - 06:00 Por Jonas Valente - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Depois de mais
de um ano de intensos debates, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
definiu as regras do leilão para a oferta de banda larga móvel na tecnologia
5G. Uma delas implicará que mais de 9 milhões de pessoas arquem com a compra de
novos equipamentos de TV por parabólicas.
Em razão de
interferências no serviço de transmissão para parabólicas (TVRO) por redes de
5G em uma das faixas (3,5 GHz), a Anatel decidiu que esse serviço audiovisual
não poderá mais ser prestado como é hoje.
Outra opção
discutida era a possibilidade de instalar filtros nas antenas para tentar
mitigar a interferência. Essa solução acabou não sendo acolhida pela maioria
dos integrantes do conselho da agência.
“Fizemos
testes com 5G, um serviço adjacente do TVRO [transmissão por parabólicas], que
usam entre 3,7 e 4,2 GHz. Constatou-se interferência do 5G no serviço de TVRO.
O 5G respeita seus limites de transmissão, mesmo assim os receptores das
parabólicas são muito ruins”, explica o superintendente de Outorgas e Recursos
à Prestação da Anatel, Vinícius Karam.
Com isso, as
transmissões deverão migrar para outra faixa, denominada banda KU. As faixas
são as “avenidas no céu” por onde passam os sinais de radiodifusão, como TV,
rádio, satélite e telefonia celular.
Hoje, a Anatel
estima 20,7 milhões de lares que têm TV por parabólica, sendo 17 milhões de
parabólica por sinal aberto (o restante tem TV por assinatura).
Desses, 8,3
milhões estão no cadastro único e terão a migração custeada a partir dos
recursos arrecadados com o leilão. Outros 9,2 milhões terão de trocar os
equipamentos com seus recursos. A previsão da Anatel é que o kit instalado
custe R$ 250.
A distribuição
dos kits será feita por uma entidade a ser criada com essa finalidade. O
custeio inclui também a instalação dos novos equipamentos. O procedimento foi
semelhante quando do leilão da faixa de 700 MHz para o 4G, que desalojou parte
das emissoras.
“A entidade
vai ser constituída, terá plano de comunicação. Todos serão informados para
retirar o seu kit ou solicitar instalação de novo kit. Uma preservação para
todos que assistem ao TVRO, só que distribuído gratuitamente para cadastro
único e sendo informado”, acrescenta Karam.
Até 2025,
haverá uma transmissão concomitante tanto na faixa atual (banda C) quanto na
nov (KU). Neste ano, será feito o desligamento, e só poderão continuar
assistindo à TV por parabólica quem tiver adquirido os novos aparelhos.
Empresas
Para o
diretor-geral da Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), Samir
Nobre, a solução de migração para uma nova faixa do serviço de TV aberta por
parabólicas adotada pela Anatel foi acertada.
“Foi a única
alternativa que concilia os fatores técnicos, econômicos e de planejamento de
espectro, além de proteger a população socialmente carente que faz uso desse
serviço para ter acesso à televisão aberta, gratuita e de qualidade”, diz.
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-03/5g-mais-de-9-milhoes-de-lares-terao-de-custear-troca-da-parabolica
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