Aumento da
gasolina também causa impacto no preço do etanol
Álcool
acumula aumento de 21% desde janeiro
Publicado em
06/03/2021 - 10:00 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O consumidor,
afetado pelo preço da gasolina, também está tendo dificuldades para recorrer ao
substituto imediato nos veículos com motor flex. Motivado por uma combinação de
entressafra e aumento de demanda, o preço do etanol hidratado acumula aumento
de 21,1% desde janeiro, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O preço médio
do litro do combustível saltou de R$ 3,221 para R$ 3,901, conforme o
levantamento semanal da ANP. Apesar de ser mais cara que o etanol, a gasolina
comum subiu menos: 14,6% de janeiro a março. O preço médio do litro da gasolina
no país passou de R$ 4,622 para R$ 5,299.
No atacado, o
aumento é ainda maior. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea), o etanol acumula alta de 35% nas usinas do Centro-Sul, a
principal região produtora do país.
Dependendo do
modelo do veículo, o etanol torna-se vantajoso quando custa até ou menos que
75% do valor da gasolina. Segundo o levantamento da ANP, somente seis estados
atingiram essa proporção na primeira semana de março: Goiás (68,9%), Mato
Grosso (69,3%), Minas Gerais (72,8%), Amazonas (74,4%), Mato Grosso do Sul
(74,7%) e Sergipe (74,9%).
Em alguns
estados, o preço do etanol quase se iguala ao da gasolina. As maiores
proporções foram registradas no Amapá (93,9%), Rio Grande do Sul (91%), em
Santa Catarina (85,9%) e no Pará (83%).
Demanda e
oferta
Mesmo com o
etanol sendo desvantajoso na maioria dos estados, a demanda pelo substituto da
gasolina está aumentando. De acordo com a edição mais recente do Boletim de
Monitoramento Covid-19, do Ministério de Minas e Energia, o consumo de gasolina
em 2021, até 23 de fevereiro, tinha caído 4,1% em relação ao mesmo período do
ano passado. Em contrapartida, o consumo de etanol hidratado subiu 6,1% na
mesma comparação.
À demanda
maior do etanol, somam-se fatores ligados à safra de cana-de-açúcar. A
tradicional entressafra, no início do ano, encarece o etanol no primeiro
quadrimestre. Neste ano, porém, a oferta continuará baixa por mais tempo.
Segundo a
União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única), a safra deste ano deve atrasar
por causa da estiagem no segundo semestre do ano passado no Centro-Sul. Com
menos chuva na primavera, as plantações de cana estão levando mais tempo para
se desenvolver, fazendo parte das usinas adiar a colheita que costuma ocorrer
no início de abril.
Durante a
entressafra, a produção de etanol de milho costuma substituir o combustível
proveniente da cana-de-açúcar. O ritmo, no entanto, é insuficiente para repor a
oferta. Até a metade de fevereiro, conforme o levantamento mais recente da
Única, a produção de etanol acumulava 29,68 bilhões de litros, queda de 8,54%
sobre os 32,45 bilhões de litros obtidos no mesmo período na safra 2019/2020.
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