BC: produtos básicos impulsionam exportações na pandemia
China é o país que concentra vendas externas brasileiras
Publicado em 04/03/2021 - 14:36 Por Andreia Verdélio –
Repórter da Agência Brasil - Brasília
As exportações brasileiras apresentaram relativa
resiliência em 2020, durante a pandemia de covid-19, impulsionadas pela
evolução das vendas de produtos básicos. Segundo o Banco Central (BC),
destacaram-se os bons desempenhos da soja, com aumento na quantidade exportada,
notadamente na região Centro-Oeste, e do minério de ferro, no Norte, que
apresentou melhora de preços.
Já as exportações de manufaturados diminuíram, reflexo da
desaceleração econômica mundial causada pela pandemia da covid-19, impactando
sobretudo os resultados das regiões Sudeste e Sul. A análise desse cenário foi
divulgada hoje (4) pelo Banco Central, no âmbito dos seus boletins regionais.
Os resultados regionais das exportações estão em linha
com os resultados da atividade econômica, que cresceram no Norte e Centro-Oeste
e tiveram queda no Sul, Sudeste e Nordeste.
De acordo com o BC, o saldo da balança comercial em 2020
superou em US$ 2,9 bilhões o resultado de 2019, com diminuição mais intensa nas
importações do que nas exportações, diante do enfraquecimento das demandas
doméstica e externa impactadas pela pandemia e pela depreciação do câmbio.
“As exportações apresentaram relativa resiliência,
notadamente por conta do bom desempenho das vendas de produtos básicos,
preponderantemente direcionados à China, o que resultou na ampliação dos
superávits comerciais das regiões Norte e Centro-Oeste. Em sentido contrário,
houve queda significativa no grupo dos manufaturados, impactando nos resultados
comerciais das regiões Sudeste e Sul”, informou o BC.
O estudo destaca o crescimento das vendas de soja, disseminado em todas as regiões, notadamente no Centro-Oeste e Sudeste. “O comportamento foi impulsionado pela safra recorde no ano passado e pela forte demanda internacional, o que repercutiu na disponibilidade interna do produto e impactou os preços ao consumidor.”
Ainda no grupo dos produtos básicos, as vendas externas
de minério de ferro, concentradas na Região Norte, também tiveram crescimento
significativo, repercutindo no aumento dos preços internacionais da commodity,
em contraponto à queda no volume exportado. A participação da China nas
exportações nacionais do produto passou de 59,6%, em 2019, para 71,8%, em 2020.
Por sua vez, as exportações de óleos brutos de petróleo,
concentradas na Região Sudeste e majoritariamente enviadas à China, registraram
significativa queda em valor, como efeito dos preços internacionais mais
baixos, apesar da evolução positiva na quantidade exportada.
Outro item de destaque comercial, segundo o BC, o açúcar
de cana em bruto (semimanufaturado), com exportações concentradas na Região
Sudeste, apresentou crescimento no valor exportado, com ênfase no aumento da
quantidade exportada. Isso se deu, sobretudo, pela maior destinação da
cana-de-açúcar para produção desse item, diante da queda na demanda interna por
etanol causada pela pandemia da covid-19.
Entre as exportações de produtos manufaturados,
impactadas notadamente pela desaceleração econômica mundial causada pela
pandemia, o BC destaca as retrações na venda de aviões e máquinas e aparelhos
para terraplanagem, concentradas no Sudeste e destinadas sobretudo aos Estados
Unidos. Recuaram também as vendas externas de automóveis de passageiros, com
maior retração no volume, destinadas especialmente para a Argentina, mais
intensamente no Sudeste, Sul e Nordeste.
Em 2020, Estados Unidos e Argentina absorveram,
respectivamente, US$ 5,1 bilhões e US$ 1,3 bilhão a menos de produtos
manufaturados brasileiros em relação a 2019.
Concentração
O Banco Central também avaliou o aumento de concentração
das exportações em todas as regiões, impulsionado por maiores compras da China.
“Tal resultado sugere, de forma generalizada, maior influência da evolução da
atividade econômica chinesa sobre as vendas externas brasileiras,
principalmente para as regiões Norte e Centro-Oeste. Quando excluída a China da
análise, observa-se aumento da concentração no destino das exportações apenas
no Nordeste e Sudeste”, diz o estudo.
De acordo com o BC, as exportações tiverem crescimento
médio de 2,9% ao ano entre 2010 e 2020 e têm demonstrado resiliência ante as
restrições econômicas da pandemia de covid-19. Essa evolução é acompanhada por
mudanças de composição tanto da pauta – com os produtos básicos assumindo o
primeiro lugar em detrimento dos manufaturados – quanto de parceiros
comerciais, destacando-se a China, que se consolidou como principal destino dos
produtos brasileiros.
“A comparação internacional mostra o Brasil em posição
intermediária no que se refere à diversificação de parceiros comerciais de
acordo com os dados do World Integrated Trade Solution. De maneira geral,
observa-se tendência de elevação da concentração na maioria dos países, mas o
aumento no Brasil foi mais intenso do que a média”, diz o BC.
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