BC reduz projeção de crescimento da economia de 3,8% para 3,6%
Inflação deve chegar a 5% ao final de 2021
Publicado
em 25/03/2021 - 10:48 Por Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil -
Brasília
O Banco
Central (BC) reduziu a projeção para o crescimento da economia este ano. A
estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os
bens e serviços produzidos no país – passou de 3,8% para 3,6%. A projeção
consta do Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado hoje
(25), e, segundo o órgão, “depende da continuidade do processo de reformas e
ajustes necessários na economia brasileira, condição essencial para permitir a
recuperação sustentável da economia”.
“Em
termos de trajetória, a projeção para o PIB é de recuo moderado ao longo do
primeiro semestre, seguido de recuperação relevante nos últimos dois trimestres
do ano, decorrente da redução esperada na taxa de letalidade da covid-19 e no
número de internações, com o avanço da vacinação”, diz o relatório. Para isso,
o BC considera a manutenção do regime fiscal e nova rodada de auxílio
emergencial, de aproximadamente R$ 44 bilhões, com pagamentos concentrados no
segundo trimestre do ano.
Entre
os fatores para a redução da projeção, o BC cita ainda a “elevada a incerteza
sobre o ritmo de crescimento da economia, sobretudo no primeiro e segundo
trimestres deste ano”, em razão do aumento de casos de covid-19 e de novas
medidas de restrição às atividades. “Esse processo de agravamento recente da
crise sanitária possivelmente interrompe ou atrasa a recuperação da atividade
econômica”, diz o relatório.
Por
outro lado, para o BC, uma possível reversão da economia “tende a ser bem menos
profunda do que a observada em 2020, e provavelmente seria seguida por rápida
recuperação, especialmente no segundo semestre, na medida em que os efeitos da
vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente”. Em 2020, o PIB fechou o ano
com queda de 4,1% em razão dos efeitos da pandemia.
A
expectativa do BC é que a vacinação em massa, além de oferecer proteção contra
casos mais leves de covid-19, reduzam significativamente o número de casos
graves, diminuindo a pressão sobre o sistema hospitalar e permitindo uma
reabertura mais rápida da economia. “Considerando os planos de vacinação e a
oferta de vacinas existentes até o momento, espera-se que os impactos
econômicos sejam mais perceptíveis no segundo semestre, em especial nos
serviços presenciais, que têm sido mais fortemente afetados pela pandemia”, diz
o relatório.
Inflação
A
inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
deve encerrar 2021 em 5%, no cenário com taxa de juros (Selic) em 4,5% ao ano
em 2021 e 5,5% ao ano em 2022 e câmbio partindo de R$ 5,70. No relatório
anterior, em dezembro, a projeção era 3,4%. O BC também projeta que a inflação
deve ser de 3,5% em 2022 e 2023.
A meta
para este ano é de 3,75% de inflação, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto
percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o
superior, 5,25%.
Em
fevereiro, entretanto, o índice fechou em 5,2% no acumulado de 12 meses,
pressionada pelo dólar e pela alta nos preços de alimentos e de combustíveis.
No trimestre encerrado em fevereiro, a alta foi de 2,48%, acima da previsão
divulgada no Relatório de Inflação anterior, de 1,73%. “A surpresa
inflacionária é, em grande medida, explicada pela depreciação do real e pela
forte alta dos preços de diversas commodities”, diz o relatório.
Em
2020, a inflação fechou em 4,52%, acima da meta de inflação para o ano, de 4%,
mas dentro do intervalo de tolerância, de 2,50% a 5,50%. “Passados os efeitos
deflacionários iniciais da pandemia, houve na segunda metade do ano marcante
aceleração dos preços, refletindo uma composição de fatores que inclui a
depreciação do real, a alta dos preços das commodities, a rápida recuperação da
demanda por bens – em parte pelos efeitos do auxílio emergencial – e restrições
de oferta e de disponibilidade interna de alguns produtos”.
Mas,
segundo o BC, os efeitos desses fatores sobre a inflação, que são
predominantemente temporários, têm se mostrado mais persistentes do que o
anteriormente esperado.
“Refletindo
o aumento nos preços das commodities, o arrefecimento da alta nos preços dos
alimentos (3,49% no trimestre, ante 9,05% no trimestre anterior) foi menor que
o antecipado. Pelo mesmo motivo, os preços dos combustíveis derivados do
petróleo apresentaram significativa elevação (10,42%) e contribuíram para a
inflação acima do esperado no período. Entre os demais itens monitorados,
destacaram-se também a alta nos preços de planos de saúde (após suspensão dos
reajustes em 2020), as transições de bandeira tarifária [de energia] e a
variação sazonal atipicamente baixa nas tarifas de ônibus urbano, refletindo
suspensão de reajustes em algumas regiões metropolitanas, em cenário em que a
pandemia ainda se mostra presente”, diz ainda o relatório.
Com a
alta recente da inflação, o Banco Central elevou a taxa básica de juros de 2%
para 2,75% ao ano. A instituição também sinalizou que deve promover nova alta
na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio.
Esse é
o principal instrumento usado pelo Banco Central para alcançar a meta de
inflação. A elevação da Selic, que serve de referência para as demais taxas de
juros no país, ajuda a controlar a inflação, porque a taxa causa reflexos nos
preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança,
evitando a demanda aquecida.
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