CNC aponta
fechamento de 75 mil lojas em 2020
As micro e
pequenas empresas responderam por 98,8% dos pontos fechados
Publicado em
01/03/2021 - 15:34 Por Léo Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Rio de
Janeiro
Um
levantamento divulgado hoje (1º) pela Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que 75 mil estabelecimentos comerciais
com vínculos empregatícios fecharam as portas no Brasil em 2020, primeiro ano
da pandemia da covid-19. Esse número é calculado a partir da diferença entre o
total de abertura e de fechamento das lojas.
As micro e
pequenas empresas responderam por 98,8% dos pontos comerciais fechados. Todas
as unidades da federação registraram saldos negativos. Os estados mais
impactados foram São Paulo (20,30 mil lojas), Minas Gerais (9,55 mil) e Rio de
Janeiro (6,04 mil).
Essa retração
anual do comércio é a maior registrada desde 2016, quando 105,3 mil lojas
saíram de cena devido à recessão econômica do período. Apesar do alto número de
estabelecimentos que fecharam suas portas no ano passado, as vendas no varejo
tiveram queda de apenas 1,5%. Esse percentual, segundo a CNC, foi menor do que
o esperado para um momento crítico.
De acordo com
a entidade, as perdas foram sentidas já em março, mas o mercado começou a
mostrar uma reação a partir de maio, afastando expectativas mais pessimistas. O
fortalecimento do comércio eletrônico e o benefício do auxílio emergencial,
permitindo que a população mantivesse algum nível de consumo, foram listados
como fatores que contribuíram para o reaquecimento do comércio.
"Na
primeira metade do ano, quando o índice de isolamento social chegou a atingir
47% da população, as vendas recuaram 6,1% em relação a dezembro de 2019. Na
segunda metade do ano, quando se iniciou o processo de reabertura da economia e
foram registrados os menores índices de isolamento desde o início da crise
sanitária, as vendas reagiram, avançando 17,4%", diz o estudo.
O levantamento
aponta, no entanto, que a população ainda manifesta algum grau de dependência
do consumo presencial, o que traz desafios para 2021. A imprecisão dos
prognósticos envolvendo a evolução da campanha de vacinação também gera
incertezas.
Projeções
A CNC avaliou
ainda as perspectivas para o setor. "A inflexão no processo de abertura
líquida de lojas com vínculos empregatícios, observado até 2019, não significa
necessariamente uma nova tendência de atrofia no mercado de trabalho do varejo
para os próximos anos", registra. O estudo, porém, observa que há menor
capacidade de geração de vagas por meio do comércio eletrônico, cujas vendas
cresceram 37% em 2020.
Ao estabelecer
projeções para 2021, foram traçados três cenários conforme o nível de
isolamento social da população. Em um deles, a entidade calcula que as vendas
avançariam 5,9% na comparação com o ano anterior e o comércio seria capaz de
reabrir 16,7 mil novos estabelecimentos. Para que isso ocorra, o índice de
isolamento social precisa sofrer redução de 5% até o fim do ano.
Um cenário
mais otimista, no qual sejam restabelecidas as condições pré-pandemia, o volume
de vendas cresceria 8,7% e 29,8 mil lojas seriam abertas ao longo deste ano. Já
o quadro mais pessimista, com a população se mantendo confinada em níveis
apenas ligeiramente inferiores aos observados em dezembro de 2020, somente 9,1
mil estabelecimentos abririam as portas.
Nível de
ocupação
A crise
decorrente da pandemia também afetou o nível de ocupação no comércio: 25,7 mil
vagas formais foram perdidas em 2020. O último ano onde houve queda nesse
quesito foi em 2016, quando foi registrada retração de 176,1 mil postos de
trabalho.
Conforme o
levantamento, considerando o nível de ocupação, o ramo mais afetado foi o de
vestuário, calçados e acessórios, com a queda de 22,29 mil vagas. Na sequência,
aparecem os hiper, super e minimercados (14,38 mil) e lojas de utilidades
domésticas e eletroeletrônicos (13,31 mil).
No entanto, o
saldo negativo de 2020 não reverteu a quantidade de vagas geradas entre 2017 e
2019. Nesse período, o número de postos criados foi de 220,1 mil.
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