Contas externas devem ter "ligeiro superávit" de US$ 2
bilhões, diz BC
A estimativa para 2021 corresponde a 0,2% do Produto Interno Bruto
O Banco
Central (BC) melhorou a projeção para o saldo das contas externas neste ano. A
previsão para as transações correntes, que são as compras e vendas de
mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países,
passou de déficit de US$ 19 bilhões para um “ligeiro superávit” de US$ 2
bilhões.
A
estimativa para 2021 corresponde a 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de
todos os bens e serviços produzidos no país). A previsão está no Relatório de
Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado hoje (25).
Segundo
o BC, a revisão foi ocasionada principalmente pelo aumento do saldo comercial,
elevando de US$ 53 bilhões para US$ 70 bilhões a estimativa para o superávit da
balança comercial neste ano.
“Apesar
de terem começado o ano em nível deprimido, espera-se que as exportações
aumentem a partir de março, impulsionadas pelo escoamento da boa safra de soja,
pelo patamar elevado para preços de commodities e pela recuperação da demanda
internacional. Nesse contexto, as exportações devem atingir US$ 256 bilhões,
valor que se equipara ao recorde da série histórica atingida em 2011”, diz o
relatório.
As
importações também devem ser maiores que anteriormente projetado, apesar da
alta do câmbio. Para o BC, a revisão está em linha com perspectiva mais
favorável para a indústria de transformação nacional, com efeitos sobre a
importação de bens intermediários.
“Contribuem
também os bons resultados nos meses iniciais do ano, o aumento nos preços dos
combustíveis e a ocorrência de operações do Repetro no início do ano em valor
acima do esperado”, diz o relatório. O Repetro é um regime fiscal aduaneiro que
suspende a cobrança de tributos federais na importação de equipamentos para o
setor de petróleo e gás, principalmente as plataformas de exploração.
No caso
da conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de
equipamentos, entre outros), o déficit foi revisado de US$ 22 bilhões para US$
26 bilhões, motivado principalmente pela expectativa de menor déficit na conta
de viagens, refletindo o prolongamento das restrições a viagens internacionais
e o movimento do câmbio.
O
câmbio também motivou a ligeira redução no déficit da conta de renda primária,
que deve registrar patamar ainda deprimido em relação a 2019, período anterior
à pandemia e com taxa de câmbio mais baixa. A renda primária (lucros e
dividendos, pagamentos de juros e salários) foi de déficit de US$ 47 bilhões
para déficit US$ 48 bilhões.
Investimento estrangeiro
No caso de um país registrar saldo negativo em transações correntes, ele precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o Investimento Direto no País (IDP), porque os recursos são aplicados no setor produtivo.
A
projeção para os ingressos líquidos de IDP segue em US$ 60 bilhões (4% do PIB)
em 2021. Em 2020, foram registrados US$ 34,2 bilhões (2,38% do PIB) de
investimentos externos no Brasil.
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