Economias
regionais mantêm recuperação no quarto trimestre de 2020
BC destaca,
porém, incerteza ante aumento dos casos de covid-19
Publicado
em 05/03/2021 - 14:27 Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil -
Brasília
A evolução
recente dos indicadores de atividade reforça o cenário de continuidade da
recuperação da economia brasileira, após os fortes impactos da pandemia de
covid-19. Entretanto, ainda há incertezas diante do aumento do número de casos
da doença. A análise é do Banco Central (BC) e foi divulgada hoje (5) no
Boletim Regional, publicação trimestral que apresenta as condições da economia
por regiões e por alguns estados do país.
De acordo com
o BC, as informações referentes ao último trimestre do ano passado evidenciam
expansão, apesar da redução parcial dos programas governamentais de
recomposição de renda. “Os dados, no entanto, não contemplam os possíveis
impactos negativos do recente aumento no número de casos da Covid-19. Nesse
sentido, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima
da usual, sobretudo para o primeiro trimestre deste ano, concomitantemente ao
esperado arrefecimento dos efeitos dos benefícios emergenciais”, diz o
documento.
Ontem (4), o
BC também divulgou análises específicas no âmbito do Boletim Regional, sobre o
desempenho da atividade econômica nas regiões do país e as exportações de
produtos básicos impulsionadas pela evolução da economia chinesa. Por outro
lado, com a contração econômica ocorrida em janeiro deste ano no Amazonas em
razão da segunda onda de casos de covid-19, o BC alertou sobre os possíveis
impactos de um agravamento severo da pandemia em outras regiões.
Região
Norte
O Norte do
país, apesar do menor crescimento (0,7%) no quarto trimestre do ano passado,
apresentou desempenho superior ao das demais regiões no ano, com o Índice de
Atividade Econômica Regional (IBCR) da região em alta de 0,4%. Em12 meses, a
atividade econômica no Pará expandiu 1,7%, enquanto no Amazonas retraiu 2,8%.
De acordo com o
BC, a acomodação da economia da região refletiu, especialmente, a retração das
vendas do comércio varejista, em ambiente de queda da renda da população, com
redução dos benefícios emergenciais e aumento dos preços acima do esperado.
“A
continuidade do processo de retomada, no curto prazo, dependerá,
fundamentalmente, dos efeitos da pandemia, que apresentou recrudescimento no
início do ano no Norte. No médio prazo, a região tende a ser beneficiada pela
recuperação dos preços das commodities metálicas [como minério de ferro],
importante segmento da economia local”, diz o boletim.
Região
Nordeste
Na Região
Nordeste, o índice de atividade econômica avançou 1,8% no quarto trimestre de
2020, mas no ano recuou 2,1%. Segundo o BC, o crescimento da economia no quarto
trimestre foi favorecido pela recuperação da mobilidade e pela reabertura de
atividades econômicas, o que permitiu ampliação expressiva dos serviços e da
indústria, em contexto de dinamismo do crédito.
“Apesar da
expansão no trimestre, a economia da região apresentou, comparativamente ao
período pré-pandemia, a maior retração e foi a única a registrar recuo das
vendas do comércio varejista em 2020, influenciada pela elevada ociosidade do
mercado de trabalho. No curto prazo, houve aumento da incerteza quanto à
continuidade da retomada, em cenário de aumento dos casos de covid-19 e do fim
dos benefícios emergenciais”, explicou o BC.
Paralelamente
ao aumento da mobilidade, os indicadores econômicos do último trimestre de 2020
mostraram a atividade nordestina mantendo a tendência de recuperação observada
no trimestre anterior, de julho a setembro, quando crescera 4,5%. “Dados
iniciais de janeiro sinalizam acomodação do nível de atividade, sugerindo
cenário de incertezas quanto ao processo de recuperação econômica”, destaca o
documento.
Região
Centro-Oeste
No
Centro-Oeste, as variações trimestrais da atividade econômica ao longo do ano
passado foram relativamente mais suaves, refletindo as especificidades de sua
estrutura produtiva, ligada a atividades agrícolas que não sofreram restrição
ao funcionamento durante a pandemia. No quarto trimestre, o ritmo de atividade
registrou aceleração de 2,1%, em sentido oposto ao desempenho das demais
regiões, fechando o ano com alta de 0,2%.
“Esse
movimento repercutiu o crescimento em serviços prestados a empresas e famílias,
em ambiente de maior mobilidade. No ano, o desempenho relativamente positivo da
economia foi favorecido pela safra recorde de grãos e pelas cotações das
commodities [produtos primários comercializados em mercados internacionais], em
especial de soja e carnes, que impulsionaram as vendas externas”, explica o BC.
Além disso, o
serviço de transportes, no modal rodoviário, fortemente correlacionado à
atividade agrícola, também contribuiu para o resultado no Centro-Oeste.
Região
Sudeste
Na Região
Sudeste, os indicadores analisados pelo Banco Central mostram a manutenção do
processo de recuperação no último trimestre do ano passado, embora em ritmo
mais moderado. O Índice de Atividade Econômica Regional do Sudeste cresceu
2,6%. Ainda assim, no ano, houve retração de 1,3%.
“Houve
desaceleração na indústria, no comércio e no setor de serviços, causada pela
base desfavorável de comparação, mas também pelos efeitos esperados da redução
dos benefícios emergenciais. No ano, a estrutura produtiva mais diversificada
permitiu que as atividades severamente impactadas pela crise tivessem seus
resultados compensados, em parte, pela evolução favorável de outras [como os
serviços financeiros]”, diz o estudo.
Região Sul
No Sul, o
conjunto de informações disponíveis sugere continuidade do processo de
recuperação, que segue, a exemplo das demais economias, dependente da evolução
na pandemia de covid-19. Após forte expansão na maioria dos indicadores
econômicos no terceiro trimestre de 2020, o quarto trimestre apresentou
recomposição mais gradativa da atividade, com crescimento de 2,5%. No ano, o
índice caiu 2,1%.
“Além disso, a
redução dos programas de manutenção da renda e a ampliação da taxa de
desemprego concorreram para arrefecer o processo de retomada. Essa trajetória
pode ser impactada pela ampliação do número de casos de covid-19, a partir do
final de 2020, que reduziu a previsibilidade associada à evolução da pandemia e
consequente aumento da incerteza sobre a atividade”, explica o BC no boletim.
A expansão no
quarto trimestre ocorreu em praticamente todas as atividades da região, com
maior magnitude na indústria de transformação – destaque para veículos,
metalurgia, máquinas e equipamentos, calçados e confecções – e nos serviços de
alojamento e alimentação.
De acordo com
o BC, relativamente ao período pré-crise (janeiro e fevereiro de 2020), a alta
de 1,6% refletiu, em boa parte, a recuperação da produção industrial, mesmo em
cenário de falta de insumos e matérias-primas. Por outro lado, as atividades de
serviços mais afetadas pelo distanciamento social, como hotelaria, bares e
restaurantes, não retornaram ao nível anterior.
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