Escolas
municipais devem ter aulas remotas ou híbridas em 2021
Dados fazem
parte de pesquisa divulgada hoje pela Undime
Publicado em
10/03/2021 - 18:18 Por Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil - Rio de
Janeiro
A maior parte
das escolas públicas municipais já iniciou ou deverá iniciar o ano letivo de
2021 de forma remota ou híbrida, mesclando o ensino presencial e o remoto. O
acesso à internet e a infraestrutura escolar são, no entanto, desafios para as
redes de ensino e estão entre os maiores problemas enfrentados no ano passado.
As informações são de pesquisa da União dos Dirigentes Municipais de Educação
(Undime) divulgada hoje (10).
O estudo,
realizado com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do
Itaú Social, ouviu 3.672 dos 5.570 municípios brasileiros. Neles, as aulas
estão sendo retomadas, na maior parte dos casos, até este mês. As redes
municipais concentram a maior parte das matrículas das creches, pré-escolas e
ensino fundamental públicos.
A maior parte
das redes de ensino municipais (63,3%) já iniciou ou planeja começar o ano
letivo de 2021 de forma remota. Cerca de um quarto das redes (26,3%) pretende
adotar o ensino híbrido. Apenas 3,8% querem retomar as aulas de forma
presencial e 6,6% ainda não definiram.
A pesquisa foi
feita entre 29 de janeiro e 21 de fevereiro. Desde então, segundo o presidente
da Undime, Luiz Miguel Martins Garcia, o cenário, com o agravamento da pandemia
em todo o país, pode ter mudado o planejamento do ano letivo em diversas
localidades. A pesquisa mostra, no entanto, a intenção dos municípios e como
eles estão se preparando para o ano letivo de 2021.
“Nós
entendemos que, nesse momento, não temos segurança nem informação para garantir
com segurança as aulas presencias”, diz Garcia.
O
vice-presidente da Undime, Marcelo Ferreira da Costa, acrescenta que cada
município tem uma situação diferente e que isso deve ser levado em consideração
na hora do planejamento do ano letivo. Apesar das realidades locais distintas, é
preciso um esforço conjunto (federal, estadual e municipal) para que as
crianças e os adolescentes tenham acesso à educação. Ele reforça ainda a
importância da imunização dos docentes.
“Se achamos
que é tão importante que a escola volte e se damos a importância que dizemos,
tínhamos que investir no processo de vacinação. É preciso trazer os professores
mais para frente, senão não conseguiremos garantir a segurança para
conseguirmos voltar”, defende.
Protocolos
Mesmo que
ainda não retomem o ensino presencial imediatamente, o estudo mostra que 33,9%
das redes de ensino definiram os protocolos de segurança sanitária que irão
seguir. A maioria (59,6%), no entanto, ainda está discutindo as medidas e 6,5%
não iniciaram esse processo. Já os protocolos pedagógicos para a volta às aulas
presenciais estão sendo discutidos por 70,4% das redes, já foram concluídos em
22,7% delas e não foram iniciados em 6,9%.
“Independentemente
de as escolas estarem com atividades presenciais ou não, é preciso ir atrás de
estudantes que não tiveram atividades escolares em 2020. É preciso ir atrás
desses meninos e meninas que não tiveram atividades nem mesmo impressas ou por
WhatsApp, porque a gente corre um risco enorme de voltar a mais de 15 anos
atrás no número de crianças e adolescentes fora da escola”, diz o chefe de
Educação do Unicef no Brasil, Ítalo Dutra.
Dificuldades
Segundo os
dados levantados, o acesso à internet e a infraestrutura escolar foram os
maiores desafios das redes municipais de educação em 2020. Esses problemas
terão que ser enfrentados também este ano.
Em relação ao acesso à internet, 78,6% das redes respondentes identificaram um grau de dificuldade de médio a alto nesse quesito. Quase a totalidade dos municípios (95,3%) declarou que as atividades não presenciais de 2020 foram concentradas em materiais impressos e orientações por WhatsApp. Os números mostraram, no entanto, que as redes têm recorrido mais a esses recursos, na falta de conexão. Em pesquisa realizada em maio de 2020, com uma pergunta semelhante, foi apurado que 43% das redes municipais apontavam os materiais impressos como parte da estratégia.
"São
condições muito limitantes. Imagine uma criança, nos anos iniciais da
alfabetização, com um a professora se desdobrando e mandando orientações por
WhatsApp", ressalta a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú
Social, Patricia Mota Guedes.
As
organizações defendem a sanção do Projeto de Lei 3447/2020, que permite que
recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust)
sejam direcionados para estados e municípios para garantir a conectividade de
crianças e adolescentes de famílias inscritas no Cadastro Único para Programas
Sociais (CadÚnico), bem como daqueles matriculados nas escolas das comunidades
indígenas e quilombolas, e professores da rede pública.
“Ampliar o
acesso à tecnologia é ampliar a possibilidade de fazer com que a educação vá
para ambientes além da sala de aula”, diz o presidente da Undime.
Além da
internet, outras dificuldades foram apontadas pelas redes de ensino como
adequação da infraestrutura das escolas públicas municipais. As redes afirmaram
ter dificuldades de nível médio a alto em planejamento pedagógico (58,4%);
acesso dos professores à internet (52,6%); formação dos profissionais e
trabalhadores em educação (54,5%); e, por fim, a reorganização do calendário
letivo 2020 e 2021 (30,1%), que aparece como a menor das dificuldades.
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