ONU: 931
milhões de toneladas de alimentos foram para o lixo em 2019
Montante
representa 17% do total disponível aos consumidores
Publicado em
06/03/2021 - 14:02 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de
Janeiro
Cerca de 931
milhões de toneladas de alimentos – 17% do total disponível aos consumidores em
2019 – foram para o lixo de residências, do comércio varejista, de restaurantes
e de outros serviços alimentares, segundo pesquisa da Organização das Nações
Unidas (ONU). O montante equivale a 23 milhões de caminhões de 40 toneladas
carregados, o que, segundo a entidade, seria suficiente para circundar a Terra
sete vezes.
O Índice de
Desperdício de Alimentos 2021, do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma) e da organização parceira WRAP, do Reino Unido, divulgado esta
semana, analisa sobras alimentares em pontos de venda, restaurantes e
residências – considerando partes comestíveis e não comestíveis, como ossos e
conchas.
Foram
observadas, ao todo, 152 unidades em 54 países. De acordo com o documento, o
desperdício de alimentos é um problema global e não apenas de países
desenvolvidos. As perdas de alimentos foram substanciais em quase todas as
nações onde o desperdício foi medido, independentemente do nível de renda.
A maior parte
desse desperdício, segundo o relatório, tem origem em residências – 11% do
total de alimentos disponíveis para consumo são descartados nos lares. Já os
serviços alimentares e os estabelecimentos de varejo desperdiçam 5% e 2%,
respectivamente.
Em termos
globais per capita, 121 quilos de alimentos são desperdiçados por consumidor a
cada ano. Desse total, 74 quilos são descartados no ambiente doméstico. O
desperdício tem impactos ambientais, sociais e econômicos significativos,
assinala o relatório. Entre 8% e 10% das emissões globais de gases de efeito
estufa, por exemplo, estão associadas a alimentos não consumidos, considerando
as perdas em toda a cadeia alimentar.
Mudança
climática
A
diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, avalia que a redução do
desperdício de alimentos ajudaria a reduzir as emissões de gases de efeito
estufa, retardaria a destruição da natureza, aumentaria a disponibilidade de
comida e, assim, reduziria a fome, além de contribuir para economizar dinheiro
em um momento de recessão global.
"Se
quisermos levar a sério o combate à mudança climática, à perda da natureza e da
biodiversidade, à poluição e ao desperdício, empresas, governos e cidadãos de
todo o mundo devem fazer a sua parte para reduzir o desperdício de alimentos”,
disse, ao destacar que a Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU deste ano será
uma oportunidade de lançar “novas e ousadas” ações para enfrentar o desperdício
alimentar.
Segundo a ONU,
o total de 690 milhões de pessoas afetadas pela fome ao longo de 2019 deverá
crescer de maneira acentuada por conta da pandemia de covid-19. Além dessa
parcela da população global, existem também, de acordo com a entidade, 3
bilhões de pessoas incapazes de custear uma dieta saudável.
Uma das
sugestões apontadas no relatório é que os países incluam o desperdício de
alimentos nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em
inglês) no âmbito do Acordo de Paris, enquanto fortalecem a segurança alimentar
e reduzem os custos para as famílias. O documento também defende a prevenção do
desperdício de alimentos como uma área primária a ser incluída nas estratégias
de recuperação da covid-19.
Cerca de 14
países já possuem dados sobre o desperdício doméstico de alimentos coletados de
forma compatível com o índice do Pnuma. Outros 38 países têm dados sobre
desperdício doméstico que, com pequenas mudanças na metodologia, cobertura
geográfica ou tamanho da amostra, permitiriam a criação de uma estimativa
compatível.
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