Presidente
da Comissão Europeia pede fim de "atrocidades" em Myanmar
No fim de
semana, mais de 120 civis foram mortos em manifestações
Publicado em
29/03/2021 - 09:47 Por Agência Brasil* - Brasília
A presidente
da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou hoje (29) que as
"atrocidades" em Myanmar (antiga Birmânia) devem "parar
agora", após um fim de semana em que as autoridades birmanesas mataram
cerca de 120 civis.
"Condeno
veementemente a violência perpetrada contra o povo do Myanmar. As atrocidades
têm de parar agora", diz Von der Leyen em sua conta no Twitter.
Ela
acrescentou que a União Europeia (UE) está trabalhando com seus parceiros a fim
de "parar com essa violência contra o próprio povo de Myanmar", criar
um "processo político adequado" e "libertar todos os
detidos".
A mensagem de
Ursula von der Leyen surge após, no domingo, o alto representante da UE para os
Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, ter também
apelado ao fim da "tragédia" e qualificado o dia de sábado - quando
foram mortas pelo menos 116 pessoas - como de "horror e vergonha".
"Estou
acompanhando os acontecimentos preocupantes em Myanmar. O aumento da violência,
com mais de 100 assassinatos de civis, perpetrados pelos militares contra o seu
próprio povo no Dia das Forças Armadas, é inaceitável", afirma o chefe da
diplomacia europeia em nota.
Ele apela aos
líderes militares de Myanmar para que abdiquem do que qualifica de
"caminho sem sentido". Josep Borrell reiterou a condenação da UE à
"violência insensível contra o povo de Myanmar".
"Continuaremos
a utilizar os mecanismos da UE, incluindo sanções, para atingir os que praticam
essa violência e os responsáveis pelo retrocesso no caminho democrático e
pacífico do Myanmar", destaca Borell.
O alto
representante diz ainda que os responsáveis pelas "violações sérias dos
direitos humanos" têm de ser responsabilizados pelos seus atos.
O número total
de mortos devido à violência militar e policial contra manifestantes e civis na
Birmânia chega a 423, de acordo com a Associação para a Assistência a Presos
Políticos.
Segundo o
portal de notícias local Myanmar Now, o número de mortos no sábado, o dia mais
"sangrento" desde o golpe militar em 1º de fevereiro, foi pelo menos
116. No sábado, a capital recebia uma parada militar para marcar o Dia das
Forças Armadas.
De acordo com
o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), das 423 pessoas mortas,
pelo menos 35 são crianças.
Os
manifestantes exigem que o Exército, que governou o país com mão de ferro entre
1962 e 2011, restaure a democracia e reconheça os resultados das eleições de
novembro. Pedem a libertação de todos os detidos pelos militares, incluindo a
líder Aung San Suu Kyi.
Os militares
tomaram o poder alegando fraude eleitoral nas eleições legislativas de
novembro, vencidas por larga margem pelo partido da líder deposta e Nobel da
Paz, Aung San Suu Kyi e declaradas legítimas pelos observadores internacionais.
Desde o golpe,
a Junta Militar já deteve mais de 3 mil pessoas, incluindo Suu Kyi e grande
parte do seu governo.
Diante do que
qualifica de "brutal repressão" na sequência do golpe militar, a UE
impôs, na segunda-feira passada (22), medidas restritivas contra 11 pessoas que
considera responsáveis pelo golpe militar, entre elas o chefe da Junta Militar,
o general Min Aung Hlaing.
As sanções
decretadas pelos 27 países do bloco são dirigidas a dez das mais altas patentes
das Forças Armadas birmanesas e ao presidente da Comissão Eleitoral, e
consistem numa interdição de viajar para ou pela UE e no congelamento dos seus
bens e recursos.
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