Qualidade
da água é regular em 73% dos rios brasileiros
Relatório
foi divulgado hoje pela Fundação SOS Mata Atlântica
Publicado em
22/03/2021 - 09:09 Por Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil - São
Paulo
Uma análise
feita nos rios brasileiros pela organização não governamental SOS Mata
Atlântica mostrou que nos 130 pontos monitorados no ciclo de 2020 a 2021, 95
(73,1%) apresentaram qualidade regular da água, em 22 (16,9%), ruim e 13 (10%)
estão em boa condição. Não há pontos com qualidade de água ótima ou péssima.
Segundo o
Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica,
divulgado hoje (22), dos 95 pontos fixos de monitoramento, em que é possível
fazer um comparativo com o período anterior (2019-2020), houve variações
expressivas em 20 pontos.
Os dados
mostram que a condição da qualidade da água melhorou em 10 pontos e manteve
estabilidade nos indicadores, mesmo com variações climáticas intensas nos
períodos de seca e chuva, em 75 pontos. No comparativo, também não foram
encontrados pontos com condição ótima ou péssimo.
Segundo os
analistas da SOS Mata Atlântica, é possível destacar a tendência de melhoria na
qualidade ambiental de rios e córregos urbanos em 2020 devido aos índices de
coleta e tratamento de esgoto e do isolamento social que resultou na redução de
fontes de poluição.
De acordo com
o coordenador do projeto Observando os Rios da Fundação SOS Mata Atlântica,
Gustavo Veronesi, a situação de um rio é o espelho do comportamento da
sociedade e o processo de degradação de um corpo d’água, por lançamento de
esgotos sem tratamento ou desmatamento de suas margens é rápido, mas, a
recuperação pode demandar muitos anos.
“Por isso, os
indicadores e dados mudam pouco, mas os rios têm, em geral boa capacidade de se
recuperar, desde que não fiquemos parados. É preciso agir agora, mudar a nossa
forma de gestão e governança e como consumimos a água”, disse.
O relatório
mostra que a temperatura em alguns rios chegou a 30ºC ou mais, o que é
considerado um sinal de alerta sobre os impactos das mudanças climáticas sobre
a qualidade da água, já que as altas temperaturas reduzem o oxigênio na água e
afetam sua qualidade. Segundo a SOS Mata Atlântica, as temperaturas adequadas
nos pontos monitorados deveria ser entre 18 e 23ºC.
Para a
diretora de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, as
autoridades devem prestar uma atenção especial na qualidade da água e na
proteção dos grandes rios na Mata Atlântica, para garantir a segurança hídrica.
Segundo ela, é preciso enfatizar as ações voltadas às populações que vivem em
situação de vulnerabilidade social e econômica e sem acesso ao saneamento
básico.
“Também é
preciso dar atenção aos que perderam moradia e passaram a viver nas ruas das
cidades e em beira de rios ao longo da pandemia. Os indicadores levantados
também reforçam que em áreas rurais há a necessidade de fiscalização e controle
contra o uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes”, afirmou.
Água e
floresta
O relatório
indica que dos dez pontos que melhoraram de condição alcançando o índice de
qualidade de água boa, cinco estão próximos de áreas protegidas ou com mata
nativa. Entre eles estão os rios Pratagy, em Alagoas, Biriricas, no Espírito
Santo, o Córrego Bonito, na cidade de mesmo nome, no Mato Grosso do Sul.
Em pontos dos
rios Tietê e Jundiaí, em São Paulo, o índice de qualidade da água foi
considerado bom. Dos 14 pontos de monitoramento fixos, quatro apresentaram
melhora. “O ponto do Tietê é na cidade de Salesópolis, onde fica sua nascente,
e o Rio Jundiaí, no município de Salto. Os outros pontos com melhoria foram
encontrados nos estados de Pernambuco, Sergipe e outros três em São Paulo.
Estes últimos saíram de ruim para regular”, explicou Veronesi. O rio também
saiu da condição ruim para regular nas cidades de Itu, Salto e Santana de
Parnaíba.
O Ministério
do Meio Ambiente e a Agência Nacional das Águas foram procurados para comentar
os resultados, mas não deram retorno.
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