Embrapa
cria produto capaz de aumentar resistência vegetal à seca
Produto
pode ajudar na agricultura no semiárido
Publicado em
27/04/2021 - 14:39 Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília
A Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) afirma ter desenvolvido um
produto capaz de aumentar a resistência de algumas espécies vegetais à seca.
Segundo o presidente da empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, o engenheiro agrônomo Celso Moretti, o bioproduto,
batizado com o nome Auras, é fruto de mais de uma década de pesquisas que
técnicos da estatal e de uma empresa privada parceira realizaram com o
mandacaru, um cacto encontrado no semiárido brasileiro.
“Observamos a
relação entre a planta do mandacaru e bactérias existentes no solo que a
auxiliam [a espécie vegetal] a conviver com a seca”, explicou Moretti, hoje
(27), referindo-se a Bacillus aryabhattai, micro-organismo que há anos vem
sendo estudado por pesquisadores de diferentes países interessados na
capacidade destas bactérias sobreviverem em climas secos e na hipótese delas
contribuírem para ampliar a resiliência ao estresse hídrico das plantas a que
se associam.
“Selecionamos
estas bactérias e estamos colocando este produto no mercado para ajudar os
produtores, começando pela cadeia produtiva do milho”, anunciou Moretti, ao
apresentar a jornalistas a mais recente edição do Balanço Social da Embrapa.
Segundo ele, este é o primeiro bioproduto registrado no Brasil com o propósito
de aumentar a resistência de espécies vegetais à seca.
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“Não tenho
dúvidas de que esta tecnologia terá um grande sucesso nas regiões de baixa
disponibilidade de água no Brasil”, acrescentou Moretti, lembrando que, só no
semiárido, há cerca de 100 milhões de hectares de caatinga onde o plantio de
algumas espécies poderão ser beneficiadas pelo Auras, favorecendo lavouras em
quase 1,3 mil cidades.
“Pretendemos
que este bioinsumo ajude os produtores que vivem no semiárido. Porque, como eu
sempre digo, não se combate a seca. Seria como tentar combater a neve. Temos
regiões que, por uma série de questões, têm períodos de seca. Então, precisamos
usar a inteligência e conviver com a seca”.
Além de
anunciar o lançamento do produto para breve, Moretti aproveitou a divulgação do
balanço social da empresa para informar que a Embrapa também vai disponibilizar
aos produtores uma nova variedade transgênica de algodão que, segundo ele, alia
alta produtividade a maior resistência a doenças, sendo indicada sobretudo para
o plantio em áreas comerciais de elevada produtividade do Cerrado. A variedade
estará disponível a partir da próxima safra de algodão.
Outro produto
desenvolvido com a participação da Embrapa é uma variedade de soja
convencional, anunciada como sendo resistente à ferrugem asiática e tolerante a
percevejos. De acordo com Moretti, o grão pode ser semeado antecipadamente,
viabilizando sua inserção em sistemas de sucessão e rotação com outras
culturas.
“Acreditamos
que esta soja vai atrair o interesse dos produtores, principalmente daqueles
que trabalham com soja orgânica”, disse o presidente da Embrapa, afirmando que,
embora, hoje, no Brasil, a maior parte da área plantada com soja esteja ocupada
por variedades transgênicas, “há um espaço interessante para a soja
convencional”, já que vários países e toda a União Europeia proíbem a
importação de soja transgênica.
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