Extensão para LibreOffice
permite tradução em Libras em tempo real
Usuários da suíte de software
livre ganharam opção inclusiva
Publicado em 23/04/2021 -
06:00 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Desenvolvido por pesquisadores
do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), o aplicativo LibrasOffice
permite maior autonomia para deficientes auditivos no dia a dia, tanto no
estudo como no trabalho.
Ele foi projetado para
auxiliar os deficientes auditivos no uso da suíte digital de escritório
LibreOffice - alternativa gratuita aos programas de edição de texto, planilhas
e apresentações de grandes empresas de tecnologia.
“O usuário passa o mouse sobre
um ícone ou item de menu, ou mesmo de um sub-menu, e aparece na extremidade
inferior da tela uma pessoa dizendo o que é aquela funcionalidade em Libras.
Quer dizer, o surdo ou surda passa a ter um intérprete de Libras à sua
disposição”, afirmou o professor Henrique Cukierman, do Programa de Engenharia
de Sistemas e Computação (PESC) da Coppe, que coordenou o processo de
desenvolvimento do software.
Segundo Henrique, a nova
funcionalidade é bastante importante para a comunidade de Libras, já que por
regra eles usam a língua de sinais, e não a língua portuguesa.
O aplicativo foi lançado no
dia 16 de abril pelo Laboratório de Informática e Sociedade (LabIS) da
Coppe/UFRJ.
O professor Cukierman informou
que o leitor em Libras está disponível para surdos e ouvintes para os sistemas
operacionais Microsoft Windows e Linux, com explicações em Libras e em
português. O aplicativo oferece um formulário de contato com a comunidade
surda, já que, devido à extensa quantidade de ícones, nem todos foram
traduzidos para Libras até o momento.
Henrique Cukierman disse que o
projeto aceita contribuições de quem quiser adicionar sinais para
funcionalidades ainda não traduzidas para Libras ou indicar regionalismos. “O
aplicativo está aberto a contribuições externas tanto em termos de fornecimento
de sinais, como também para compartilhar com a comunidade de LibreOffice.”
O projeto
O projeto surgiu de uma
demanda da UFRJ de 2015 para auxiliar no treinamento de 20 pessoas com
deficiência, contratadas pela Fundação Coppetec, responsável pela administração
dos projetos da Coppe, no âmbito do projeto Coppe Inclusão. Desse total, um
terço era portadora de deficiência auditiva.
Cukierman explicou que a
demanda foi levada ao curso Computadores e Sociedade. Ali, os alunos se dividem
em grupos e têm de realizar um projeto de conclusão do curso. “Esse foi um dos
projetos do fim de disciplinas, em 2015”. O professor observou que ele ainda
tinha uma perspectiva mais teórica. “Então, tiramos a teoria, fizemos um
protótipo e criamos um aplicativo no LabIS.”
Sob a coordenação do professor
Cukierman, os estudantes Jônathan Elias Sousa da Costa e Eduardo de Mello
Castanho desenvolveram o programa. O projeto também contou com a colaboração de
Fernando Severo e Pedro Braga, atualmente doutorandos da Coppe.
O programa foi testado com
sucesso na Faculdade de Letras da UFRJ, nas aulas de introdução à informática
no curso de Letras Libras, em 2018. Os intérpretes consideram que o programa,
por ser um software bilíngue (português e Libras), é útil também para as pessoas
que interagem com os surdos, pois podem expandir o seu vocabulário de Libras e
ajudar o ouvinte a aprender.
Expectativa
A expectativa é que o
aplicativo poderá beneficiar um universo de, pelo menos, 12 milhões de pessoas
surdas ou parcialmente surdas no país, de acordo com o Censo 2010 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um dos funcionários da Coppe
que passaram pelo treinamento com o aplicativo, Adilson Rodrigues, considerou
positiva a iniciativa da instituição em buscar auxiliar a comunicação entre
ouvintes e surdos. Para ele, o LibrasOffice “deve ser mostrado em palestras,
para que surdos e ouvintes conheçam sua importância.”
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