1. (CESPE)
Navio Negreiro
Castro Alves
Era um sonho dantesco... O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoas vãs.
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
Com base no poema apresentado acima, assinale a
opção correta.
a) O estilo, a
seleção lexical e a sintaxe do poema prenunciam características do modernismo
literário.
b) Por focalizar
um problema social, o poema é predominantemente dissertativo.
c) Da
temática do poema permite-se concluir que se trata de um exemplo de poesia
condoreira, em que a emoção é utilizada para reforçar a denúncia que se
pretende empreender.
d) O esquema de
rimas apresentado no poema pode ser representado por AABBCC.
Dizei-me voz, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
(Castro Alves, Navio Negreiro)
Os versos de Navio Negreiro remetem à
escravidão negra na História do Brasil. Sobre aquilo que Castro Alves chamou de
“borrão”, é possível afirmar:
a) Os padres
jesuítas, durante o período colonial, sempre se opuseram tanto à escravidão indígena
quanto à africana devido aos seus interesses econômicos no fim do tráfico
negreiro, por isso, foram expulsos de todos os territórios portugueses pelo
Marquês de Pombal.
d) Na sociedade
mineradora, a alforria dos escravos era mais difícil de acontecer que na
sociedade açucareira, uma vez que esta era ainda mais polarizada entre ricos e
pobres, com a ausência de uma classe média, principalmente na segunda metade do
século XVIII, quando o ouro e os diamantes começaram a escassear, e os escravos
se tornaram mais necessários ainda para tentar manter o nível de produção das
minas.
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