Trabalhadores
autônomos foram mais prejudicados por pandemia em 2020
Categoria
chegou a ganhar 24% abaixo do habitual no segundo trimestre
Publicado em
08/04/2021 - 15:22 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília
A crise
econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19) prejudicou mais
os trabalhadores por contra própria, revela pesquisa divulgada hoje (8) pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o levantamento, essa
categoria teve a maior queda no rendimento em 2020.
O pior momento
para os trabalhadores autônomos ocorreu no segundo trimestre de 2020, quando a
categoria recebeu 24% a menos do que a renda habitual. No quarto trimestre do
ano passado, o indicador recuperou-se levemente, mas continuou abaixo dos
níveis anteriores à pandemia, com recuo de 10%.
Os
trabalhadores privados e sem carteira receberam 13% a menos do que a renda
habitual no segundo trimestre e 4% a menos no último trimestre do ano passado.
Os trabalhadores privados com carteira assinada não tiveram perda no segundo e
no terceiro trimestres de 2020 e encerraram o último trimestre do ano passado
ganhando 5% acima da renda habitual. No serviço público, os trabalhadores
receberam 1% a mais que a renda habitual no segundo trimestre, 3% no terceiro
trimestre e 5% a mais no último trimestre do ano passado.
Realizada com
base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad
Contínua), a pesquisa comparou a renda média efetiva com a renda média
habitual. Enquanto a renda média efetiva caiu por causa do aumento do
desemprego e da contratação com salários mais baixos, a renda média habitual
subiu porque a perda de ocupações se concentrou nas áreas mais mal remuneradas.
Segundo o
Ipea, a elevação da renda habitual para os trabalhadores privados com carteira
assinada e o serviço público deve-se ao fato de que a eliminação de postos de
trabalho atingiu principalmente os setores de construção, comércio e alojamento
e alimentação, além de empregados sem carteira assinada e principalmente
trabalhadores por conta própria. Dessa forma, quem permaneceu empregado foram
os trabalhadores de renda relativamente mais alta, que puxam o rendimento médio
habitual para cima.
Renda efetiva
Ao analisar
apenas a renda efetiva dos três últimos meses do ano passado, sem levar em
conta a comparação com a renda habitual, a pesquisa mostra que a queda também
foi maior entre os trabalhadores por conta própria. Essa categoria encerrou
2020 ganhando 6,7% a menos que no mesmo período de 2019.
O recuo chegou
a 1,4% entre os trabalhadores privados com carteira e 0,2% no setor público.
Apenas os trabalhadores com carteira assinada recebiam, em média, 1,4% a mais
no último trimestre de 2020 em relação aos mesmos meses de 2019, refletindo a
recuperação do emprego formal no fim do ano passado.
Para Sandro
Sacchet, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea e autor do estudo, o fato
de ter havido queda nos rendimentos efetivos em alguns grupos de trabalhadores
no quarto trimestre indica potenciais efeitos do início da segunda onda da
pandemia da covid-19. Segundo ele, os impactos poderão ser compreendidos quando
forem divulgados os dados no primeiro trimestre de 2021.
Faixas
Na comparação
por faixa de renda, a pesquisa mostra que a pandemia afetou proporcionalmente
os mais pobres. Entre o primeiro e o segundo trimestres de 2020, o total de
domicílios sem renda do trabalho aumentou de 25% para 31,5%. No quarto
trimestre, a proporção chegou a 29%, mostrando uma recuperação lenta do nível
de ocupação.
Em relação à
quantidade de horas habitualmente trabalhadas, o levantamento mostra que a
pandemia não afetou significativamente o indicador. No segundo trimestre, o
total de horas trabalhadas caiu para 30,7 horas semanais, recuperando-se para
36,2 horas semanais no terceiro trimestre e encerrando o quarto trimestre em
37,4 horas semanais, com queda de apenas 5% em relação ao último trimestre de
2019.
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