China passa
a permitir três filhos por casal
Anúncio foi
feito hoje pelo presidente Xi Jinping
Publicado em
31/05/2021 - 09:47 Por RTP – Pequim
O governo
chinês anunciou hoje (31) que vai ampliar os limites da natalidade, passando a
permitir três filhos por casal. A medida tem como objetivo combater o rápido
envelhecimento da população, após os resultados dos últimos censos terem
demonstrado um declínio dramático na taxa de natalidade no país mais populoso
do mundo.
Ao fim de mais
de 30 anos em vigor, a China aboliu, em 2016, a política do filho único. Os
casais chineses passaram a ser autorizados a ter dois filhos, mas essa nova
medida não conseguiu levar a um aumento sustentado da natalidade no país devido
ao alto custo de vida nas cidades chinesas.
Segundo os
resultados dos últimos censos, publicados em 11 de maio, a população chinesa
cresceu ao ritmo mais lento das últimas décadas. Em média, houve um crescimento
anual de 0,53% ao longo dos últimos dez anos, abaixo dos 0,57% registrados
entre os anos 2000 e 2010. Os censos preveem que a população chinesa pode
começar a cair já a partir do próximo ano.
Por esse
motivo, o presidente chinês, Xi Jinping, anunciou “medidas para responder ao
envelhecimento da população”, principalmente a ampliação dos limites da
natalidade para três filhos por casal.
Segundo
anunciou a Xinhua, a agência de notícias oficial chinesa, a mudança de política
será acompanhada por “medidas de apoio, que irão melhorar a estrutura
populacional do país, cumprindo a estratégia de lidar ativamente com o
envelhecimento da população e manter a vantagem na dotação de recursos
humanos”.
O governo
chinês também concordou com o fato de a China precisar aumentar a idade de
reforma para manter mais pessoas no mercado de trabalho e melhorar as pensões e
os serviços de saúde.
Segundo os
últimos recenseamentos, a população em idade reprodutiva diminui a um ritmo
acelerado, enquanto a faixa etária dos 65 anos aumenta exponencialmente. Alguns
investigadores chineses calculam que o número de pessoas em idade reprodutiva
caia para a metade em 2050. Isso aumentaria a “taxa de dependência”, ou seja, o
número dos que dependem de cada um trabalhar para gerar receita a fim de pagar
as pensões, os impostos de saúde e outros serviços públicos.
Impacto da
nova política
Alguns especialistas permanecem céticos em relação à nova medida, lembrando que a abolição da política de filho único teve pouco impacto no aumento da natalidade. Segundo os censos, o número de nascimentos caiu de 18 milhões em 2016 para 12 milhões em 2020.
Os casais
explicam que são desencorajados a ter mais filhos pelo alto custo de vida, pela
interferência nos seus empregos e pela necessidade de cuidarem dos pais idosos.
“Se o
relaxamento das políticas de natalidade fosse eficaz, a atual política de dois
filhos por casal deveria ter provado a sua eficácia”, disse o economista Hao
Zhou à agência Reuters.
"As
pessoas são desencorajadas não pelo limite de dois filhos, mas pelos custos
incrivelmente altos de criar filhos na China. Habitação, atividades
extracurriculares, comida, viagens e tudo o mais contribui para esse
custo", explica Yifei Li, sociólogo da NYU Xangai.
“Quem quer ter
três filhos? Os jovens podem ter dois filhos no máximo. A questão fundamental é
que o custo de vida é muito alto”, reitera Hao Zhou.
O número médio
de filhos por casal caiu de mais de seis, na década de 60, para menos de três
em 1980. Em 2020, o número médio de filhos por cada mulher chinesa era de 1,3.
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