Em dez anos, indústrias
migram do Sudeste para outras regiões
É o que mostra estudo
da Confederação Nacional da Indústria
Publicado em 17/05/2021 - 06:40 Por
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil - São Paulo
Em dez anos, a indústria nacional ficou
menos concentrada nos estados do Sudeste e ganhou força em outras regiões do
país. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra como, entre os
biênios 2007/2008 e 2017/2018, a produção industrial migrou de São Paulo e do
Rio de Janeiro para outros estados.
No período, o Sudeste reduziu a
participação no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria em 7,66 pontos
percentuais. O Nordeste ganhou 2,06 pontos percentuais (pp) em participação e a
Região Sul, 2,46 pontos percentuais.
Mesmo assim, o Sudeste continua responsável
por 53,9% do PIB industrial, seguido pelo Sul com 19,4%. O Nordeste tem 12,93%
de participação; o Norte, 7%; e o Centro-Oeste, 6,7%.
Indústria de
transformação
No principal segmento industrial do
país, a indústria de transformação, vários setores tiveram migrações
importantes para fora da Região Sudeste, que ainda concentra 55,1% da produção
manufatureira. São Paulo concentra 38,14% de todo o valor produzido por esse
setor.
Apesar de ainda ser o estado mais
importante na produção manufatureira, São Paulo perdeu espaço em diversos
setores. Na indústria de celulose, a participação da indústria paulista caiu de
50,31% para 31% em dez anos. Apesar de ainda ser o maior produtor, outros
estados passaram a ter maior importância, como Mato Grosso do Sul, que respondia
por 0,23% da produção no biênio 2007/2008 e se tornou o terceiro maior produtor
nacional em 2017/2018, respondendo por 11,08% do total.
No setor de vestuário, São Paulo foi
ultrapassado por Santa Catarina. Nos anos 2007/2008, a indústria paulista
produzia cerca de R$ 4 bilhões em produtos de vestuário e as empresas
catarinenses, R$ 2,5 bilhões. Dez anos depois, Santa Catarina tem 26,75% da
produção do setor, equivalente a R$ 6,6 bilhões ao ano, enquanto São Paulo tem
uma parcela de 22,57% da manufatura de vestuário do país (R$ 5,5 bilhões).
A Bahia foi o estado que mais ganhou
espaço na indústria de transformação, passando de uma participação de 2,6% para
4,05% da produção brasileira. A indústria baiana conseguiu destaque na
fabricação de produtos minerais não metálicos (cimento, tijolos, vidro), em
máquinas e materiais elétricos e bebidas.
Pernambuco foi o segundo estado que mais
aumentou em pontos percentuais a participação na indústria de transformação
nacional, com o crescimento de 1,3 pp, chegando a 2,84% da produção do país.
Esse resultado foi possível com a expansão no estado da indústria de veículos,
derivados de petróleo e biocombustíveis.
Indústria de extração
Na indústria extrativa, o Rio de Janeiro
perdeu 22,45 pontos percentuais de participação, caindo de 61,54% da produção
nacional para 39,09% em dez anos. Essa
queda se deve, principalmente, à redução dos preços médios do petróleo e gás
natural, setor que representa 88% da indústria extrativa fluminense.
Mesmo com uma perda de 3,85 pontos
percentuais em dez anos, o Sudeste ainda é responsável por 75,54% da indústria
extrativa do país. No período, a Região Norte ganhou 9,94 pontos percentuais,
ficando com parcela de 16,9% da indústria de extração. O Pará é o terceiro estado mais importante do
segmento, com 15,97% da produção nacional. Esse resultado se deve à alta dos
preços especialmente dos minerais metálicos.
Construção
Na indústria da construção, a Região
Sudeste caiu 9,69 pontos percentuais na parcela de participação do segmento,
concentrando 38,45% dessa produção.
Em dez anos, o Norte teve uma expansão
de 6,61 pontos percentuais e, agora, responde por 12,6% da indústria da
construção do país. A Região Nordeste concentra 20,16% do segmento da construção,
após crescer 4,95 pontos percentuais em uma década.
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