Nível dos
rios continua subindo no Amazonas e já afeta a população
Rio
Amazonas já ultrapassou a marca histórica de 9,38 metros
Publicado em
17/05/2021 - 17:16 Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O volume de
água nos principais rios que cortam o estado do Amazonas continua aumentando,
afetando a população de algumas das cidades. Em Parintins, o nível do Rio
Amazonas já ultrapassou a marca histórica de 9,38 metros, registrada em junho
de 2009.
Já o Rio Negro
atingiu, hoje (17), a marca de 29,72 metros de profundidade próximo à Manaus,
onde a cota de inundação severa, de 29 metros, foi superada no dia 30 de abril.
A cota de
inundação severa é a maior dentre as quatro marcas de monitoramento
estabelecidas pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), superior à cota de
inundação, que é definida em função do nível a partir do qual a cheia de um rio
começa a causar os primeiros danos ou contratempos.
Em Parintins,
além de alagar ruas da cidade, a cheia do Rio Amazonas causou prejuízos a
produtores rurais que perderam plantações cultivadas em áreas de várzea. A
prefeitura disse que está ajudando as famílias afetadas, distribuindo cestas
básicas e madeira para a construção de pontes e marombas – como são chamadas as
espécies de plataforma que moradores de casas alagadas constroem para suspender
o assoalho acima do nível da água.
Na semana
passada, contudo, o prefeito de Parintins, Bi Garcia (DEM), admitiu que, devido
à procura, estava enfrentando dificuldades para adquirir madeira. “Estamos com
muita dificuldade na compra de madeira. A prefeitura só pode comprar madeira
legalizada. Vamos priorizar as pontes para depois buscar ajuda para fazer
maromba nas residências que estão alagadas pela enchente do Rio Amazonas”,
declarou Garcia após visitar comunidades atingidas.
Já em Manaus,
a prefeitura anunciou que utilizará sacos com areia para erguer barricadas ao
longo da Avenida Eduardo Ribeiro, no centro, a fim de conter o avanço das águas
devido à cheia do Rio Negro. Segundo a prefeitura, em toda a série histórica, a
marca atingida esta manhã, de 29,72 metros, só fica atrás das registradas em
2012, de 29,97 metros, e em 2009, de 29,77 metros. Pontes e passarelas
provisórias continuam surgindo por toda a cidade, como forma de preservar a
movimentação das pessoas. No dia 6, a prefeitura decretou situação de emergência
na cidade por 90 dias.
A situação
tende a se agravar nas cidades ribeirinhas. Segundo o Serviço Geológico do
Brasil, em praticamente todas as bacias, os níveis dos rios encontram-se altos
para esta época do ano. Na Bacia do Amazonas, por exemplo, o volume de água
deve continuar aumentando por força das chuvas que atingem a Região Norte.
Mesma situação é verificada na Bacia do Rio Negro. Especialistas estimam que,
próximo a Manaus, o nível do rio pode ultrapassar a marca de 30,35 metros.
“Em termos
probabilísticos, é seguro afirmar que o nível do Rio Negro deve atingir entre
29,50 metros e 30,50 metros. Ou seja, a depender das chuvas, é grande a
probabilidade de ocorrer uma cheia tão severa quanto a de 2012, quando o nível
atingiu 29,97 metros. Precisamos estar preparados”, alertou a pesquisadora Luna
Gripp Simões Alves no final de abril, quando o Serviço Geológico do Brasil
divulgou seu segundo alerta de cheias para o estado.
Na mesma
ocasião, o meteorologista do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção
da Amazônia (Censipam) Renato Senna destacou uma tendência à intensificação das
chuvas que já vinham atingido a Bacia do Rio Negro e outras regiões.
“O Censipam
prevê chuvas acima dos padrões climatológicos para o sul de Roraima e para o
norte e o noroeste do Amazonas, o que afetará o comportamento das bacias dos
rios Negro, Japurá e Içá, bem como o curso do Amazonas e a calha do Solimões”,
disse Senna, explicando que isso se deve aos efeitos do fenômeno climático
conhecido como La Niña, durante o qual a temperatura das águas do Oceano
Pacífico caem, causando mudanças nos padrões de chuvas.
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