ONU condena
uso excessivo de força durante protestos na Colômbia
Manifestantes
foram às ruas contra a proposta de reforma tributária
Publicado
em 04/05/2021 - 09:32 Por RTP - Bogotá
A Organização
das Nações Unidas (ONU) condenou hoje (4) veementemente "o uso excessivo
de força" pela polícia durante manifestações na Colômbia contra uma
reforma tributária, especialmente em Cali, no oeste do país.
"Estamos
profundamente alarmados com os acontecimentos na cidade de Cali, na Colômbia,
onde a polícia abriu fogo contra manifestantes que se opõem à reforma
tributária, matando e ferindo várias pessoas de acordo com as informações
disponíveis", disse Marta Hurtado, porta voz da alta comissária para os
Direitos Humanos da ONU, em entrevista em Genebra.
Ela pediu
calma antes de um novo dia de manifestações programado para esta quarta-feira
(5).
"O nosso
escritório na Colômbia está verificando o número exato de vítimas e
determinando como esse terrível incidente aconteceu em Cali", disse a
porta-voz, acrescentando que os defensores dos direitos humanos também
relataram ameaças e assédio.
"Devido
às tensões extremas, com soldados e policiais encarregados de controlar as
manifestações, pedimos calma e lembramos às autoridades governamentais que elas
devem proteger os direitos humanos", incluindo o direito ao protesto
pacífico. "As armas de fogo devem ser usadas apenas como último
recurso", afirmou Marta.
Um
levantamento oficial indicou 19 mortos, incluindo um policial, e quase 850
feridos, sendo 306 civis.
Sob pressão
das manifestações maciças, e que se repetiram nos dias seguintes com
intensidade variável, o presidente colombiano, Ivan Duque, anunciou no domingo
(2) à noite que vai deixar a reforma fiscal em apreciação no Parlamento.
O projeto tem
despertado fortes críticas, tanto da oposição quanto dos sindicatos que
organizaram a mobilização de 28 de abril e até de representantes do partido no
poder, por acreditarem que a reforma irá afetar em demasiadamente a classe
média.
A reforma
fiscal também é considerada "inoportuna" em plena pandemia de
covid-19, que agravou a crise econômica no país.
Ivan Duque
propôs retirar o plano original e redigir um novo texto, anulando os principais
pontos contestados: o aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) sobre
bens e serviços, bem como a ampliação da base do Imposto sobre o Rendimento
(IRS).
Apesar do
anúncio de retirada da proposta, os manifestantes voltaram às ruas em várias
cidades do país.
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