Universo:
contagem regressiva para o lançamento do James Webb
Telescópio
tem tecnologia avançada para investigar o universo profundo
Publicado em
30/04/2021 - 12:46 Por Adrielen Alves - Repórter da Agência Brasil - Brasilia
Daqui a exatos
seis meses a humanidade deve presenciar uma das missões espaciais mais
ambiciosas até então: o lançamento do telescópio James Webb, previsto para 31
de outubro.
Considerado
como uma das tecnologias mais potentes para investigar o universo profundo, o
telescópio vai substituir o Hubble que está no espaço há mais de 30 anos.
Mas, o que
este supertelescópio tem de tão especial assim?
Primeiro, o
tamanho. Com um espelho de 6,5m, vai poder captar informações das primeiras
galáxias que surgiram no universo, além de rastrear estrelas e novos sistemas
solares.
Segundo,
porque ele deve alcançar a marca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra, façanha
considerada 3 mil vezes maior do que a do Hubble.
Terceiro,
porque com todo este aparato aumentam as chances de se investigar a formação e
a evolução de um dos objetos astronômicos considerados mais misteriosos: os
buracos negros.
E é aí que o
Brasil entra. Apesar de o país não estar entre os financiadores do projeto, que
são as agências espaciais americana (Nasa), a europeia (ESA) e a do Canadá (CSA), duas pesquisas
brasileiras foram selecionadas para observar as imagens captadas pelo Webb, no
primeiro ano após o lançamento ao espaço.
Uma delas está
no foco da missão do Webb: saber como se dá o crescimento dos buracos negros
supermassivos, localizados no centro de galáxias. Para isso, é preciso olhar
para o passado do Universo, como propõe o astrofísico Roderik Overzier, da
Coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional e equipe.
Ele contará
com 24 horas de observação. O estudo, proposto por Roderik e equipe e que foi
aprovado por uma comitiva internacional, investiga os chamados rádio-galáxias,
que segundo o pesquisador possuem fortes jatos de plasma que emitem ondas de
luz rádio. A partir das observações será possível entender um pouco mais sobre
como as galáxias e os buracos negros se formaram.
A outra pesquisa foi proposta por cientistas
da Universidade Federal de Santa Maria e da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Quem lidera os estudos é o professor do departamento de Física da UFSM,
Rogemar Riffel. '' Nosso projeto visa observar três galáxias próximas entre 300
e 500 milhões de anos-luz da Terra. Esses objetos possuem em seu centro buracos
negros supermassivos e eles estão capturando matéria ativamente. À medida que
ele captura matéria forma-se um disco de acreção e a partir daí originam-se
ventos, de centenas e até milhares de quilômetros por segundo, percorrem a
galáxia e podem afetar a formação estelar da galáxia'', diz.
Para Rogemar,
ter o Brasil aprovado nesta etapa de evolução das pesquisas espaciais fala
muito sobre a ciência que é feita no país. “ A participação brasileira mostra
que a pesquisa em astrofísica no Brasil é competitiva e que a ciência daqui é
de grande qualidade, além de dar visibilidade e credibilidade para as
instituições de pequisas e para os profissionais da área.'' Ainda de acordo com
Riffel, além das investigações e dos achados decorrentes do lançamento, toda a
tecnologia empregada na construção do James Webb vai nortear futuras missões
espaciais.
Após vários
adiamentos, a expectativa é que o James Webb embarque em um navio nos Estados
Unidos rumo à Guiana Francesa de onde será lançado ao espaço em um foguete da
Agência Espacial Europeia. Expectativa pelo que virá após as primeiras imagens
geradas. Segundo cientistas do mundo todo, algo que pode revolucionar tudo que
se sabe até então sobre a formação e a evolução do universo.
O telescópio é
batizado em homenagem à James Webb (1906-1992), administrador da Nasa entre os
anos de 1961 e 1968.
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