Menos da
metade das pessoas em idade de trabalhar estão ocupadas
Nível de
ocupação está abaixo de 50% desde maio de 2020
Publicado em
30/06/2021 - 12:31 Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de
Janeiro
O nível de
ocupação no país fechou o trimestre móvel encerrado em abril em 48,5%, ficando
abaixo de 50% desde o trimestre encerrado em maio do ano passado. Ou seja,
menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país. O
menor nível foi verificado no trimestre encerrado em julho de 2020, quando o
nível ficou em 47,1%.
Os dados são
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua),
divulgada hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). A taxa de desocupação está em 14,7%, com um total de 14,8 milhões de
pessoas em busca de trabalho no país.
De acordo com
a analista da pesquisa Adriana Beringuy, na comparação com o trimestre
terminado em abril de 2020, quando a Pnad Contínua observou os primeiros
efeitos da pandemia, o mercado de trabalho ainda registra perdas na ocupação,
mas a queda ocorre num ritmo menor.
“Ainda
registramos perdas importantes da população ocupada, de 3,7%, mas já tivemos
percentuais maiores, que chegaram a 12% no auge da pandemia. Estamos
observando, portanto, uma redução no ritmo de perdas a cada trimestre. No
computo geral, contudo, temos menos 3,3 milhões de pessoas trabalhando desde o
início da pandemia”, disse a analista.
A maioria dos
indicadores da pesquisa ficaram estáveis no trimestre de fevereiro a abril, na
comparação com o período de novembro a janeiro. Os trabalhadores com carteira
assinada no setor privado somavam 29,6 milhões, apresentando estabilidade no
trimestre, mas na comparação anual houve queda de 8,1%, o que representa menos
2,6 milhões de pessoas, como destaca a analista.
“A carteira de
trabalho está operando na estabilidade há um bom tempo, mas a categoria perdeu
muito ao longo da pandemia. Já o emprego sem carteira no setor privado teve uma
retração gigantesca no início da pandemia, caindo para 8,7 milhões em julho do
ano passado e agora recuperou para 9,8 milhões. Ainda longe do recorde de
outubro de 2019, quando havia 11,8 milhões de trabalhadores sem carteira”,
disse Adriana Beringuy.
Informalidade
A redução do
trabalho sem carteira em relação ao mesmo trimestre de 2020 foi de 3,7%, com
menos 374 mil pessoas. Beringui aponta que entre as categorias profissionais,
apenas os trabalhadores por conta própria aumentaram. O crescimento foi de
2,3%, ou mais 537 mil pessoas, totalizando 24 milhões de pessoas nesse que é um
dos principais segmentos da informalidade.
“Essa forma de
inserção no mercado tem um contingente mais elevado agora do que em abril de
2020. O montante já se aproxima do recorde dessa série, que foi no trimestre
encerrado em janeiro do ano passado. Após sucessivas perdas anuais, teve uma
recuperação de 2,8% no confronto anual e é a modalidade que mais vem
recuperando trabalhadores nos últimos meses, com três trimestres consecutivos
de recuperação. No trimestre foi 2,3% de crescimento”, disse a analista.
A taxa de
informalidade ficou em 39,8%, com 34,2 milhões de trabalhadores informais, o
que representa uma recuperação depois do menor nível, registrado em 37,4% em
julho do ano passado. O recorde da informalidade ocorreu em outubro de 2019,
com 41,3% ou 38,8 milhões de pessoas.
O grupo de
trabalhadores informais inclui os sem carteira assinada no setor privado ou
domésticos, por conta própria, empregadores sem CNPJ e os trabalhadores sem
remuneração.
As
trabalhadoras domésticas foram estimadas em 5 milhões, uma redução de 10,4%, ou
menos 572 mil pessoas, frente ao mesmo trimestre do ano anterior. O número de
empregados do setor público se manteve estável em 11,8 milhões.
O número de
empregadores com CNPJ manteve o recorde de menor contingente da série histórica,
iniciada no quarto trimestre de 2015, somando 3,1 milhões de empresas com
funcionários.
Subutilização
A Pnad Contínua registrou alta de 2,7% no total de pessoas subutilizadas, chegando a 29,7% da população. Com mais 872 mil, são agora 33,3 milhões pessoas nessa situação, o maior contingente da série comparável.
“Houve um
crescimento de 0,7 ponto percentual, são 33,3 milhões de pessoas. O indicador
computa o clássico desocupado, os que embora estejam ocupados estão trabalhando
menos horas do que gostaria e a força de trabalho potencial, que são aquelas
pessoas que não estão exercendo pressão efetiva no mercado, não estão
trabalhando nem procurando, mas estão disponíveis para assumir um trabalho caso
surja a oportunidade. A taxa está subindo, já que há uma busca por crescimento
do rendimento, isso é uma capacidade ociosa dos trabalhadores”, avalia
Beringuy.
Os
desalentados, aquelas pessoas que desistiram de procurar trabalho devido às
condições estruturais do mercado, somaram 6 milhões de pessoas, número estável
em relação ao trimestre anterior, se mantendo no maior patamar da série.
Setores e
rendimento
O setor do
comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas reduziu em 2,3% o
número de pessoas empregadas, com menos 373 mil no trimestre encerrado em
abril, frente ao encerrado em janeiro. Houve aumento da ocupação apenas no
grupo agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, que subiu
6,5%, ou mais 532 mil pessoas.
Na comparação
anual, a ocupação na indústria geral caiu 4,3%, no comércio, reparação de
veículos automotores e motocicletas a queda foi de 6,7%, em transporte,
armazenagem e correio a ocupação diminuiu 8,3%, o setor de alojamento e
alimentação reduziu 17,7% outros serviços diminuíram 13,9%.
O rendimento
médio real dos trabalhadores ficou estável, na comparação trimestral, em R$
2.532. A massa de rendimento real também ficou estável, somando R$ 212,3
bilhões.
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