CNI: anúncio do Uruguai preocupa demais países do Mercosul
Entidade pede mais diálogo entre membros do bloco econômico
Publicado em 07/07/2021 - 20:30 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência
Brasil - Brasília
O anúncio de que o Uruguai pretende negociar acordos comerciais fora do
Mercosul cria tensões e não ajuda no avanço do bloco, avalia a Confederação
Nacional da Indústria (CNI). Em nota, a entidade pediu mais diálogo entre os
membros do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e citou a
necessidade de aprofundamento da integração entre os países do grupo.
“A integração no Mercosul precisa de ajustes e aperfeiçoamentos, mas
continua sendo a que mais proporciona resultados econômicos e sociais para o
Brasil. Apesar do aperfeiçoamento necessário, o bloco registrou resultados
expressivos nos últimos anos”, destacou a entidade em comunicado.
Entre os avanços recentes citados pela CNI, estão o acordo com a União
Europeia e a celebração de acordos internos entre os países do bloco, como o de
facilitação de comércio e de compras governamentais. A confederação informou
enxergar com preocupação as tensões entre os países do Mercosul no momento em
que o bloco acaba de completar 30 anos.
Para a CNI, a estabilidade econômica do Mercosul é essencial para que os
benefícios econômicos na região voltarem a ser sentidos. A entidade defende a
efetivação do livre comércio entre os países do bloco, tanto em bens quanto em
serviços e compras públicas.
A confederação também pede a intensificação das negociações de acordos
que permitam ampliar o acesso a outros mercados, como Estados Unidos, Reino
Unido, Canadá, México, América Central e com a Associação Europeia de Comércio
Livre (composta por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein).
Em relação às negociações sobre a tarifa externa comum (TEC) do
Mercosul, a CNI avalia que qualquer alteração deve ser precedida de avaliação
de impacto e com consulta aos setores privados dos quatro países do bloco.
Paralelamente, a entidade pede uma agenda de redução de custos no comércio
exterior e na produção em geral.
Nos últimos meses, o governo brasileiro tem pressionado a redução da TEC
em 20%, alegando que reformas recentes, como a da Previdência e a trabalhista,
diminuíram os custos para os empresários brasileiros. A Argentina resiste à
proposta.
Decisão
Hoje (7), na véspera da cúpula de presidentes do Mercosul, o governo do
Uruguai anunciou a decisão de começar negociações isoladas de acordos
comerciais com países de fora do bloco. A decisão foi comunicada em reunião de
ministros das Relações Exteriores dos quatro países do bloco.
Atualmente, cada membro do Mercosul tem autonomia para negociar acordos
comerciais bilaterais, desde que não envolvam redução da TEC. As negociações,
no entanto, precisam ter o consenso dos países do bloco. “Ao mesmo tempo que
reivindicou sua presença no Mercosul, o Uruguai comunicou que começará a
conversar com terceiros para negociar acordos extra-zona [fora do Mercosul]”,
informou o governo uruguaio em nota.
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