Estudo: anticorpos de quem teve covid-19 não protegem contra
variante
Testes em laboratório mostram que variante Gamma não é
neutralizada
Publicado em 23/07/2021 - 08:00 Por Camila Maciel - Repórter da Agência
Brasil - São Paulo
Estudo internacional com participação de pesquisadores da Universidade de
São Paulo (USP) revela um mecanismo que explica o motivo pelo qual ocorrem as
reinfecções de covid-19. Testes em laboratório mostraram que a variante Gamma,
anteriormente conhecida como P.1, originada no Brasil, é capaz de escapar dos
anticorpos neutralizantes que são gerados pelo sistema imunológico a partir de
uma infecção anterior com outras variantes do coronavírus.
Os pesquisadores destacam, no entanto, que os resultados foram obtidos in
vitro, ou seja, em laboratório. Além disso, o estudo não inclui outros tipos de
resposta imune do organismo, como imunidade celular. “É fundamental entender
que pessoas infectadas podem ser infectadas novamente”, aponta William Marciel
de Souza, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, primeiro autor do
artigo. O trabalho foi publicado como artigo na revista científica The Lancet
em 8 de julho.
Foram analisadas amostras do plasma de pacientes que tiveram a doença, e
também de pessoas imunizadas pela vacina CoronaVac. “A pesquisa mostra que
pessoas que foram vacinadas ainda estão suscetíveis à infecção, se você tomou a
vacina continue usando máscara, continue com distanciamento social, continue
usando as medidas de higiene para evitar a transmissão para outras pessoas”,
aconselha o pesquisador.
Souza lembra que os estudos clínicos mostram a eficiência da CoronaVac
contra formas graves da doença, reduzindo internações e mortes. “A vacina não é
contra infecção, infecção pode acontecer a qualquer momento, com qualquer
vacina, o objetivo da vacina é contra a doença, a forma grave, da pessoa
morrer, ter sequelas graves.”
Outros estudos
O pesquisador citou outro estudo que analisou casos de covid-19 em idosos
moradores de um convento e uma casa de repouso. Ele aponta que, embora os
locais fossem pouco movimentados, o vírus entrou nessas moradias e infectou as
pessoas com mais 70 anos que estavam vacinadas. “Mesmo com idade bem avançada
quase todos foram assintomáticos ou com sintomas leves, não precisaram de
hospitalização. Isso mostra a importância das vacinas.”
Sobre a variante Delta, Souza aponta que os estudos também vêm
demonstrando a proteção contra formas mais graves da doença. “Mesmo locais com
alta taxa de vacinação, por exemplo os Estados Unidos, em que hoje a Delta é a
linhagem mais dominante, o número de mortes e hospitalizados não aumentou mesmo
com a introdução dela.”
0 Comentários