Baixa
histórica em nível de rio atrasa comércio exterior do Paraguai
A seca
reduziu drasticamente o nível do rio que nasce no Brasil
Publicado em
27/08/2021 - 09:42 Por Daniela Desantis - Repórter da Reuters - Paraguai
As embarcações
que transportam grãos e outros produtos pelo Rio Paraguai na altura de Assunção
estão utilizando metade de sua capacidade de carga devido ao baixo nível do
rio, em meio a uma seca histórica que afeta o comércio fluvial em toda a
região, afirmaram representantes do setor.
A seca reduziu
drasticamente o nível do rio que nasce no Brasil, cruza o Paraguai e deságua no
Rio Paraná, no norte da Argentina.
Especialistas
estimam que o fenômeno, iniciado há três anos, deve se prolongar pelo menos até
2022 no Paraguai, quarto maior exportador de soja do mundo. O problema também
ocorre no escoamento de grãos da Argentina.
"A
situação é crítica e delicada. Há uma grande proporção das embarcações que não
está sendo utilizada, o que se traduz em um custo direto na hora de levar
produtos ao Rio da Prata", disse à Reuters o presidente da câmara
paraguaia de exportadores de cereais e oleaginosas, César Jure.
"No final
do ano ainda teríamos um estoque de mercadorias para exportar, tanto para a
indústria quanto para a soja em grãos. A nova safra terá que esperar em silos
até que possamos liberar a antiga", acrescentou ele.
O diretor do
Centro de Armadores Fluviais e Marítimos do Paraguai, Juan Carlos Muñoz, disse
que a seca fez com que o tempo de viagem ao Rio da Prata triplicasse.
"Todo o
comércio está atrasado, tudo está atrasado. É um ano complicadíssimo, já que
96% do comércio exterior do Paraguai é feito pelo rio e isso implica um impacto
muito grande na economia nacional", afirmou.
O plantio de
soja, que começa no mês que vem, poderá ser afetado pela falta de
fertilizantes, disse Muñoz. Jure, por sua vez, afirmou que a situação obrigou o
setor a buscar alternativas de transporte terrestre a portos do Brasil para que
os contratos fossem cumpridos.
O Paraguai,
que produz aproximadamente 10 milhões de toneladas de soja por ano, possui uma
frota de cerca de 3 mil embarcações que transportam a safra local e parte do
que é produzido nas regiões de fronteira com Brasil e Bolívia por meio da
hidrovia Paraguai-Paraná, até os portos do Rio da Prata.
0 Comentários