Caos no aeroporto de Cabul
impede partidas
Multidões lotaram o aeroporto tentando
escapar do Talibã
Publicado em 16/08/2021 - 15:44 Por Reuters
- Cabul
Milhares de civis desesperados para fugir
do Afeganistão lotaram o aeroporto de Cabul, nesta segunda-feira (16), depois
que o Talibã tomou a capital, levando os militares norte-americanos a
suspenderem os voos de saída de pessoal, no momento em que aumentam as críticas
à retirada militar dos Estados Unidos.
Multidões lotaram o aeroporto tentando
escapar, incluindo algumas pessoas que se agarraram a um avião de transporte
militar dos EUA que taxiava na pista, de acordo com imagens publicadas por uma
empresa de mídia.
Soldados norte-americanos atiraram para o
alto para deter pessoas que tentavam embarcar à força em um voo militar que
deveria retirar diplomatas e pessoal da embaixada dos EUA, disse uma autoridade
norte-americana.
Cinco pessoas morreram em meio ao caos no
aeroporto nesta segunda-feira, segundo reportagens, mas uma testemunha disse
que não estava claro se elas foram baleadas ou pisoteadas durante o tumulto.
Uma autoridade dos EUA disse à Reuters que dois homens armados foram mortos por
forças norte-americanas no local nas últimas 24 horas.
A conquista rápida de Cabul por parte do
Talibã ocorre na esteira da decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, de
retirar as forças de seu país do Afeganistão depois de 20 anos de uma guerra
que custou bilhões de dólares.
A velocidade com que as cidades afegãs
caíram em poucos dias e o temor de uma repressão do Talibã à liberdade de
expressão e a direitos das mulheres conquistados ao longo de duas décadas
provocam críticas à decisão norte-americana.
Biden, que disse que as forças afegãs
tinham que reagir ao Talibã, deve falar sobre o Afeganistão às 16h45 (horário
de Brasília).
Ele está sendo criticado por adversários e
aliados, inclusive parlamentares democratas, ex-funcionários do governo e até
seus próprios diplomatas pela maneira como tratou da retirada norte-americana
do Afeganistão.
A essência das críticas está na falta de
preparativos do governo dos Estados Unidos, tanto para remover afegãos em
risco, mesmo com meses para planejar, quanto por fazer pouco para garantir que
alguns progressos nos direitos das mulheres não evaporem da noite para o dia.
"Se o presidente Biden realmente não se arrepende de sua decisão de retirada, então está desconectado da realidade no que diz respeito ao Afeganistão", disse o senador republicano Lindsey Graham, no Twitter.
O deputado republicano Jim Banks, membro
do comitê dos Serviços Armados da Câmara, disse à rede Fox News: "Nunca
vimos um líder americano abdicar de suas responsabilidades e liderança como Joe
Biden faz. As luzes estão acesas na Casa Branca, mas não tem ninguém em casa.
Onde está Joe Biden?"
Jim Messina, vice-chefe de gabinete da
Casa Branca do ex-presidente Barack Obama, defendeu a decisão de Biden, dizendo
que houve um consenso bipartidário segundo o qual era hora de partir.
O presidente afegão, Ashraf Ghani, fugiu
no domingo (15), quando os militantes islâmicos entraram em Cabul praticamente
sem oposição, dizendo que queria evitar derramamento de sangue.
Os Estados Unidos e outras potências
estrangeiras correram para retirar funcionários diplomáticos e outros, mas os
Estados Unidos suspenderam temporariamente todos os voos de retirada de pessoas
para tentar liberar o aeroporto, disse um oficial de defesa dos EUA à Reuters.
Suhail Shaheen, porta-voz do Talibã, disse
em uma mensagem no Twitter que seus combatentes estavam sob ordens estritas de
não ferir ninguém.
“A vida, a propriedade e a honra de
ninguém devem ser prejudicadas, mas devem ser protegidas pelos mujahidin”,
disse.
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