Escolas de São Paulo podem receber presencialmente 100% dos
estudantes
A volta presencial ainda não será obrigatória
Publicado em 02/08/2021 - 17:07 Por Elaine Patricia Cruz -
Repórter da Agência Brasil - São Paulo
A partir de hoje (2), as escolas estaduais, municipais e
particulares do estado de São Paulo estão autorizadas a retornar às aulas
presenciais, podendo atender até 100% dos estudantes. As aulas foram suspensas
pelo governo paulista no início da pandemia, em março do ano passado. No início
deste ano, as aulas foram retomadas, mas havia limite de 35% na capacidade de
ocupação.
A volta presencial a partir de hoje ainda não será
obrigatória. A expectativa é de que a obrigatoriedade passe a valer a partir de
setembro. Segundo a Secretaria Estadual da Educação, caso o estudante ou sua
família queiram permanecer com as aulas remotas ou online, o responsável legal
deverá comunicar, por escrito, à unidade escolar, comprometendo-se a manter a
frequência do aluno de forma digital.
As escolas vão poder atender 100% dos alunos desde que seja
obedecido o limite de um metro de distanciamento entre eles. Cada escola ficará
responsável por estabelecer esse limite de acordo com a sua capacidade física.
Se a escola não puder receber a totalidade dos alunos de forma presencial, ela
poderá adotar um sistema de revezamento.
Rede estadual
Só na rede estadual de ensino há 3,5 milhões de estudantes, que serão obrigados a usar máscara no interior da escola. Segundo a Secretaria Estadual da Educação, ao chegarem às escolas todas as pessoas terão a temperatura aferida e, caso esteja acima de 37,5 graus, será orientado a retornar para casa. Os protocolos também incluem higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool em gel 70% e dos ambientes e ambientes arejados com portas e janelas abertas. Os especialistas dizem que os aspectos mais importantes a serem adotados para evitar a transmissão do novo coronavírus (covid-19) são a ventilação e o uso de máscaras.
Já os professores e servidores deverão voltar às aulas
presenciais, sem revezamento. Mas no caso daqueles com comorbidades, só
voltarão às aulas presenciais 14 dias após a aplicação da segunda dose das
vacinas Oxford/AstraZeneca/Fiocruz, Pfizer/BioNTech ou
CoronaVac/Butantan/Sinovac ou dose única, no caso da vacina da Janssen.
A secretaria informou que os servidores e colaboradores
que, por escolha pessoal, optarem por não se vacinar dentro do calendário local
também deverão retornar.
Rede municipal
Na rede municipal de ensino, o limite de atendimento vai
respeitar a capacidade física de cada unidade, mantendo o distanciamento de um
metro entre os alunos. Segundo a Secretaria Municipal da Educação, todos os
estudantes matriculados na educação infantil e no ensino fundamental e médio
poderão ser atendidos na forma presencial e em sistema de revezamento semanal
em no máximo duas turmas. Já nos Centros de Educação Infantil (CEI), poderão
ser atendidas 60% das crianças e bebês matriculados, sem revezamento. A exceção
é para os estudantes que compõem o grupo de risco. Nesse caso, eles devem
permanecer em ensino remoto.
Por enquanto, a volta às aulas presenciais na rede
municipal de São Paulo é facultativa, a critério dos pais ou responsáveis.
A orientação da prefeitura de São Paulo é para que as
pessoas com qualquer sintoma da covid-19 procure auxílio médico e não compareça
à unidade escolar.
Também a partir de hoje, os estudantes da rede municipal
terão acesso às atividades de recuperação. Os estudantes com mais defasagem na
aprendizagem em relação ao ano ou série em que estão matriculados vão
participar da recuperação paralela no contraturno escolar.
Sociedade de Pediatria
Por meio de nota, a Sociedade de Pediatria de São Paulo
(SPSP) disse que os pais não precisam ficar temerosos em mandar seus filhos
para as escolas neste momento da pandemia. Segundo a entidade, pesquisas têm
demonstrado que as crianças não são grandes transmissoras do vírus e não
costumam evoluir de forma grave.
“A pandemia de covid-19 tem afligido todo o planeta e tem
sido especialmente grave em nosso país, com mais de meio milhão de brasileiros
perdendo suas vidas precocemente. Não obstante a isto, o número de crianças
afetadas de forma grave e que evoluíram de maneira desfavorável foi
relativamente pequeno”, disse Fausto Flor de Carvalho, presidente do
Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
“As pesquisas realizadas no Brasil e no exterior têm
demonstrado que crianças não são grandes espalhadoras do vírus, que costumam
ter quadros leves a moderados e quase metade delas são assintomáticas”,
explicou
Para Carvalho, a ausência das aulas presenciais tem
provocado outros danos às crianças, como distúrbios alimentares e de
relacionamento interpessoal (distanciamento dos amigos e contato apenas com
adultos), além da dificuldade de concentração. “Assim, cremos que é momento
adequado para retomada de aulas presenciais. Os pais devem trabalhar com os
filhos sobre as medidas de proteção e devem estar em contato com a escola.
Qualquer sintoma respiratório a criança deve ser afastada e procurar o serviço
médico para diagnóstico. Uma boa comunicação entre pais, escolas e
profissionais da saúde vai colaborar para uma volta mais segura e com mínimos
riscos a todos”, disse.
Já o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado
de São Paulo (Apeoesp) é contra a volta às aulas neste momento. Para o
sindicato, a volta as aulas presenciais só deveria ocorrer após os professores
terem tomado a segunda dose da vacina contra a covid-19. “Mais do que ninguém
sabemos que o lugar dos professores e estudantes é nas escolas, mas não é este
o momento”, diz o sindicato.
“O processo de vacinação dos profissionais da educação e da
população está em curso. Portanto, não existe o menor sentido no retorno às
aulas presenciais em agosto. Há professores que só receberão a segunda dose da
vacina em setembro. Apenas após a vacinação de todos com a segunda dose e a
garantia de todos os protocolos sanitários para garantir a manutenção do controle
da pandemia é que poderemos retornar às escolas”, disse o sindicato em
comunicado publicado em seu site.
Escolas particulares
Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no
Estado de São Paulo (Sieeesp), há cerca de 12 mil escolas particulares no estado,
com 2,4 milhões de alunos no ensino básico. Nas escolas particulares, de acordo
com o sindicato, as aulas presenciais ocorrem desde março. Mas até então, havia
limite de 35% sobre o número de matrículas. A partir de hoje, após um período
de férias, as escolas particulares estão retornando as aulas presenciais,
podendo atender até 100% dos alunos, desde que mantido o limite de
distanciamento físico entre eles.
"As escolas particulares seguem todos os protocolos
recomendados pelo Plano São Paulo [plano de reabertura econômica do estado em
vigência durante a pandemia], das autoridades de saúde e educação e o próprio
protocolo do Sieeesp, elaborado por médicos, pediatras e especialistas",
disse o sindicato.
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