IBGE:
empresas de serviços não financeiros cresceram 1,6% em 2019
Informação
está na Pesquisa Anual de Serviços
Publicado em
25/08/2021 - 10:05 Por Cristina Índio do Brasil - Repórter da Agência Brasil -
Rio de Janeiro
O número de
empresas prestadoras de serviços não financeiros cresceu 1,6% em 2019, na
comparação com o ano anterior, e atingiu um total de 1,4 milhão, concentradas
especialmente nos segmentos de serviços profissionais, administrativos e
complementares, que correspondem a 33,2% do total, e serviços prestados
principalmente às famílias, 30,3% do total. No acumulado entre 2014 e 2019, o
aumento ficou em 3,8%.
Os dados
foram divulgados hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Ainda em 2019, essas empresas empregavam 12,8 milhões. Os salários,
retiradas e outras remunerações somaram R$ 376,3 bilhões e a receita
operacional líquida atingiu R$ 1,8 trilhão. O valor adicionado bruto ficou em
R$ 1,1 trilhão.
De acordo
com o IBGE, “os resultados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2019 estão
inseridos em um contexto de recuperação do consumo e do poder de compra das
famílias e de retomada do emprego”. Esses resultados ocorreram no cenário em
que, após dois anos de retração do Produto Interno Bruto (PIB) - a soma dos
bens e serviços produzidos no país -, embora ainda inferior a 2%, a economia
brasileira fechava 2019 com o terceiro ano seguido de crescimento. Isso se
refletiu na recuperação gradual do emprego, do consumo das famílias e da
formação bruta de capital fixo, apesar de queda no consumo da administração
pública.
As
atividades das empresas prestadoras de serviços não financeiros em 2019 são
divididas em sete grandes segmentos: serviços prestados principalmente às
famílias, serviços de informação e comunicação, serviços profissionais,
administrativos e complementares, transportes, serviços auxiliares aos
transportes e correio, atividades imobiliárias, serviços de manutenção e
reparação e outras atividades de serviços. Dentro desses segmentos, a pesquisa
cobre 34 atividades, formadas por agrupamentos da Classificação Nacional de
Atividades Econômicas.
O analista
da PAS Marcelo Miranda disse que serviços de informação e comunicação foram o
único setor que registrou perda de receita operacional líquida em 2019, na
comparação com 2010. “E perde a posição. Em 2010 era o segmento mais importante
em número de receitas no setor de serviços e passou para a terceira posição em
2019, ultrapassado pelo segmento de serviços profissionais, administrativos e
complementares”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.
Na mesma
comparação com 2010, o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes
e correio tem se mantido em primeiro lugar. “[O segmento de] transportes é a
dinâmica do Brasil. Dentro desse setor, nós temos a atividade de transporte de
cargas e essa foi a mais importante receita operacional líquida em 2019 e ao
longo dos últimos dez anos. Por isso, transportes acabam figurando na primeira
posição”, observou.
Pessoas
ocupadas
Em relação a
2018, a pesquisa mostrou aumento de 2,1% no número de pessoas ocupadas nos
serviços. O segmento que mais cresceu em termos percentuais no período foi o de
serviços de informação e comunicação, com alta de 5,5%. O único que registrou
queda (-1,5%) foram os serviços prestados principalmente às famílias. Segundo o
IBGE, o resultado foi influenciado especialmente pela retração da atividade de serviços
de alimentação, que teve diminuição de 42,5 mil pessoas, sendo a maior queda
absoluta entre os 34 agrupamentos da área.
Em termos
absolutos, serviços profissionais, administrativos e complementares tiveram o
maior acréscimo, de 200,1 mil pessoas. Entre os 34 agrupamentos de serviços, o
de seleção, agenciamento e locação de mão de obra foi o que registrou maior
alta (10,7%). No mesmo período, a maior queda (-24,8%) ficou com o segmento de
agências de notícias e outras atividades de serviços de informação.
No acumulado
entre 2014 e 2019, a PAS indicou queda de 1,2% no número de pessoas ocupadas. A
retração foi influenciada sobretudo pelo segmento de transportes, serviços
auxiliares aos transportes e correio (-7,7%). Entre os 34 agrupamentos, o de
compra, venda e aluguel de imóveis próprios foi o que teve a maior alta (23,9%)
no período.
Salários
As
remunerações pagas em serviços cresceram 2,9% em 2019, na comparação com o ano
anterior. No acumulado entre 2014 e 2019, no entanto, elas caíram 0,8%. Entre
os segmentos, dois tiveram queda em 2019 e no mesmo percentual (-0,3%):
serviços prestados principalmente às famílias e serviços de manutenção e
reparação. Já no acumulado, quatro segmentos recuaram, sendo a maior a queda de
7,3% nos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio. Os demais
foram serviços de informação e comunicação, de manutenção e reparação (-1,0%) e
serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,4%).
Regiões
Miranda
disse que entre as regiões do país, a Sudeste continua sendo a mais importante
tanto no número de empresas quanto na receita bruta, em salários, retiradas e
outras remunerações e ainda no total de pessoal ocupado. “Olhando as outras
regiões, a Sudeste, liderada pelos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e de
Minas Gerais. “Nas variáveis estudadas, o que a gente viu foi uma perda de
participação, apesar de a região ainda figurar como a principal. Por exemplo,
em receita bruta em 2019, o total de receitas gerado no Brasil pelo setor de
serviços foi liderado pela Região Sudeste, que representou 63,9% do total. O
que se vê é uma perda de participação ao longo dos dez anos". O Sudeste,
no entanto, ainda figura como a grande região, junto com o Sul, Centro-Oeste e
Nordeste, com destaque para a Região Sul que ganhou, nos dez anos, 1,3 ponto
percentual em participação em receita bruta.
A perda da
Região Sudeste foi atribuída pelo analista principalmente ao Rio de Janeiro,
estado com maior queda de receita operacional bruta ao longo de dez anos.
“Ainda assim, mesmo perdendo participação em relação aos outros estados,
continua sendo o segundo que mais gera receita no setor de serviços no Brasil”,
disse Miranda. Ele acrescentou que como destaques na Região Sul estão os
estados do Paraná, que briga com o Rio Grande do Sul pelo quarto e quinto
lugar, e Santa Catarina, o que mais ganhou participação no período e está em
sexto lugar entre as receitas do país.
Mudanças
nos segmentos
Entre 2010 e
2019, o IBGE notou alterações entre os segmentos. Miranda afirmou que o
segmento de serviços de informação e comunicação, que reúne telecomunicações,
tecnologia da informação, serviços audiovisuais, edição, integração e
impressão, agência de notícias e outros serviços, foi muito atingido. Conforme
o analista, em 2010, telecomunicações era a principal atividade do país e
representava 15,3 % da receita operacional líquida gerada, mas perdeu muito
pela dinâmica do setor.
“O setor de
telecomunicações foi perdendo um pouco de espaço. Os torpedos e SMS, que em
2010 eram muito utilizados, perderam espaço para mensagens em aplicativos de
via instantânea. Hoje em dia, se faz muito mais ligações por meio de
aplicativos do que utilizando a rede de telecomunicações, ou seja, se usa mais
pela internet que está dentro do segmento de tecnologia da informação. Foi a
atividade que mais perdeu espaço nos últimos dez anos, cerca de 10 pontos
percentuais, e tecnologia da informação foi a que mais ganhou, então, a gente
viu essa mudança”, completou.
Pesquisa
A Pesquisa
Anual de Serviços é realizada desde 1998 pelo IBGE e mostra as características
estruturais da oferta de serviços não financeiros pelas empresas brasileiras.
Para o instituto, “os dados são importantes na análise e no planejamento
econômico, tanto de empresas do setor privado quanto nos diferentes níveis de
governo”.
O IBGE
informou que “o setor de serviços tem como característica um alto nível de
heterogeneidade, com segmentos mais tradicionais, como é o caso dos prestados
principalmente às famílias, até atividades de alta intensidade tecnológica, a
exemplo dos serviços de informação e comunicação. Atualmente, as atividades de serviços
respondem pela maior parte do PIB do país”.
0 Comentários