Lago
seca na Bolívia e cientistas temem que nunca mais volte a encher
Poopó
já foi fonte de vida para moradores locais
Publicado em
04/08/2021 - 07:56 Por Monica Machicao e Santiago Limachi - Repórteres da
Reuters - La Paz
Reuters
O Lago
Poopó, na Bolívia, já foi fonte de vida para os habitantes locais que pescavam
em suas águas abundantes e cultivavam ao longo de suas margens. Agora, é um
deserto.
Cientistas
dizem que o antigo lago, que se espalha pelo altiplano ensolarado da Bolívia, é
vítima de décadas de desvio de água para necessidades regionais de irrigação. E
o clima mais quente e seco torna sua recuperação cada vez mais improvável.
"É como
uma tempestade perfeita", diz Jorge Molina, pesquisador da Universidad
Mayor de San Andrés. "A cada ano que passa, a situação piora."
O lago, o
segundo maior da Bolívia, era muito raso e tradicionalmente subia e descia de
nível, de acordo com cientistas e antigos habitantes aymarás do lago.
Valerio
Rojas, que antes ganhava a vida pescando no lago, diz que os anciãos da aldeia
contam que o lago recarregava a cada 50 anos. Mas, olhando para a área
ressecada que resta, ele tem suas dúvidas.
"O lago
vai encher de novo? Com essa mudança climática e poluição, me parece que o
clima não pode mais ser previsto", disse Rojas. "Em nossa língua
aymara diz-se: 'Nossa mãe terra está cansada'."
Os
cientistas também estão ficando céticos. Molina diz que os Andes estão
ultrapassando o aumento da temperatura média global, especialmente durante o
dia, o que significa que a evaporação aumentou, tornando especialmente difícil
para um lago raso - e sua flora e fauna - sobreviver.
"Não é
mais um lago funcional. Um lago que seca com muita frequência não é mais funcional
para a fauna, a flora e a biodiversidade", disse Molina à Reuters.
A seca
também está afastando as comunidades que antes viviam ao longo de suas margens,
diz Benedicta Uguera, uma indígena de Untavi que criava gado em uma ilha no
lago.
"As
famílias decidiram deixar a ilha, porque não podemos sobreviver sem água e não
há mais vida", afirmou.
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