Mato Grosso
do Sul: clima seco e quente dificulta combate a incêndios
Queimadas
se estendem por regiões de cinco municípios do estado
Publicado em
23/08/2021 - 17:04 Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília
A baixa
umidade relativa do ar e as temperaturas elevadas vêm favorecendo o surgimento
de focos de incêndios em diferentes regiões do Mato Grosso do Sul, incluindo o
Pantanal sul-mato-grossense.
Só nos últimos
dias, bombeiros militares, brigadistas e voluntários foram mobilizados para
tentar apagar as chamas que se espalham por diferentes áreas de cinco cidades:
Água Clara, Bela Vista, Brasilândia, Corumbá e Porto Murtinho.
Segundo o
Corpo de Bombeiros, das cinco principais frentes de combate ao fogo, a situação
mais crítica é a de Porto Murtinho, onde as chamas já atingiram a terra indígena
Kadiwéu e ameaçam avançar sobre propriedades rurais. Na região, os bombeiros se
dividiram em quatro frentes para tentar debelar as chamas.
“Tivemos
sucesso na região da Ingazeira, onde o fogo está praticamente controlado.
Porém, surgiu mais um foco de grandes proporções mais ao sul deste”, informou,
hoje (24), o comandante da Operação Portal do Pantanal, dos Bombeiros, o
tenente-coronel Fernando Carminatti. “A situação também estava praticamente
controlada na região mais ao norte [de Porto Murtinho], entretanto, esta
madrugada, o fogo evoluiu e, agora, um grande foco está sendo combatido com a
ajuda de proprietários rurais.”
Na semana
passada, ao menos oito pontes de madeira foram incineradas entre Porto Murtinho
e a cidade vizinha, Corumbá, município sul-mato-grossense com a maior porção
territorial de bioma Pantanal e onde, segundo o próprio governo estadual, foram
registrados 502 focos de calor entre 1º de janeiro e 25 de julho (contra 2.595
ocorrências registradas no mesmo período de 2020, o maior número registrado
desde 2017).
Na
quinta-feira (19), o secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel,
disse haver indícios de que os incêndios foram criminosos. “Isso está nas mãos
da Polícia de Mato Grosso do Sul. Vamos investigar e buscar os responsáveis.
Não estamos falando apenas do patrimônio público, mas também sobre o direito
das pessoas de ir e de vir, afinal, não podemos deixar as comunidades
isoladas”, disse o secretário.
Diretor da
organização não governamental (ONG) Instituto Homem Pantaneiro, gestora de
áreas protegidas no pantanal sul-mato-grossense, Angelo Rabelo disse à Agência
Brasil que, em algumas regiões do Pantanal menos atingidas pelas queimadas do
ano passado, o acúmulo de material orgânico favorece o surgimento de incêndios
de grandes proporções.
“Este ano, a
situação do Pantanal se apresenta mais crítica em função das condições
climáticas ainda mais adversas. Principalmente em regiões como Porto Murtinho,
Nabileque [ao sul de Corumbá] e da Serra da Bodoquena, que não foram tão
atingidas em 2020, o fogo vem alcançando grande escala”, comentou Rabelo.
Na região do
Paraguai Mirim, próxima a Corumbá, equipes estão desde ontem fazendo o rescaldo
de parte da área atingida por um grande incêndio que neste domingo começou a
ser controlado. Já em Brasilândia, na região Leste do estado, o fogo segue
consumindo parte da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cisalpina,
na divisa com o estado de São Paulo. As chamas surgiram na unidade de
conservação de responsabilidade da Companhia Energética do Estado de São Paulo
(Cesp) na última terça-feira (17).
De acordo com
o Corpo de Bombeiros, desde o início da atual temporada de incêndios no estado,
mais de 445 bombeiros militares foram mobilizados para enfrentar as chamas,
além de brigadistas, voluntários, 162 viaturas e 12 aeronaves. “Diariamente são
feitas avaliações para traçar as melhores estratégias de combate e ações a serem
executadas a fim de preservar o Meio Ambiente”, explica a corporação, em nota.
Segundo o
Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), é possível que, a partir
da próxima quarta-feira (25), uma frente fria supere a massa de ar quente e
seco, provocando chuvas, refrescando a temperatura e favorecendo, ao menos
temporariamente, o trabalho de combate às chamas em parte do estado.
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