ONU: relatório sobre clima é "alerta vermelho"
Documento, divulgado hoje, faz avaliação dos últimos sete
anos
Publicado em 09/08/2021 - 07:39 Por Agência Brasil* -
Brasília
O relatório sobre o clima, publicado hoje (9) pelo Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), é um
"alerta vermelho" que deve fazer soar os alarmes sobre as energias
fósseis que "destroem o planeta". A afirmação foi feita pelo
secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
O relatório mostra uma avaliação científica dos últimos
sete anos e "deve significar o fim do uso do carvão e dos combustíveis
fósseis, antes que destruam o planeta", segundo avaliação de Guterres, em
comunicado.
O secretário pede que nenhuma central de carvão seja
construída depois de 2021. "Os países também devem acabar com novas
explorações e produção de combustíveis fósseis, transferindo os recursos desses
combustíveis para a energia renovável", acrescentou Guterres.
O relatório estima que o limiar do aquecimento global (de +
1,5° centígrado), em comparação com o da era pré-industrial, vai ser atingido
em 2030, dez anos antes do que tinha sido projetado anteriormente,
"ameaçando a humanidade com novos desastres sem precedentes".
"Trata-se de um alerta vermelho para a
humanidade", disse António Guterres. "Os alarmes são ensurdecedores:
as emissões de gases de efeito estufa provocadas por combustíveis fósseis e o
desmatamento estão sufocando o nosso planeta", disse o secretário.
No mesmo documento, ele pede igualmente aos dirigentes
mundiais, que se vão reunir na Conferência do Clima (COP26) em Glasgow, na Escócia,
no próximo mês de novembro, que alcancem "sucessos" na redução das
emissões de gases de efeito estufa.
"Se unirmos forças agora, podemos evitar a catástrofe
climática. Mas, como o relatório de hoje indica claramente, não há tempo e não
há lugar para desculpas", apelou Guterres.
Relatório
De acordo com o documento do IPCC, a temperatura global
subirá 2,7 graus em 2100, se se mantiver o atual ritmo de emissões de gases de
efeito estufa. No novo relatório, que saiu com atraso de meses devido à
pandemia de covid-19, o painel considera vários cenários, dependendo do nível
de emissões que se alcance.
Manter a atual situação, em que a temperatura global é, em
média, 1,1 grau mais alta que no período pré-industrial (1850-1900), não seria
suficiente: os cientistas preveem que, dessa forma, se alcançaria um aumento de
1,5 grau em 2040, de 2 graus em 2060 e de 2,7 em 2100.
Esse aumento, que acarretaria mais acontecimentos climáticos extremos, como secas, inundações e ondas de calor, está longe do objetivo de reduzir para menos de 2 graus, fixado no Acordo de Paris, tratado no âmbito das nações, que fixa a redução de emissão de gases de efeito estufa a partir de 2020, impondo como limite de subida 1,5 grau centígrado.
O estudo da principal organização que estuda as alterações
climáticas, elaborado por 234 autores de 66 países, foi o primeiro a ser
revisto e aprovado por videoconferência.
Os peritos reconhecem que a redução de emissões não terá
efeitos visíveis na temperatura global até que se passem duas décadas, ainda
que os benefícios para a contaminação atmosférica possam ser notados em poucos
anos.
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