Pessoas com
deficiência em 2019 eram 17,3 milhões, de 2 anos ou mais
Número
representava 8,4% da população nessa faixa etária
Publicado em
26/08/2021 - 10:02 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de
Janeiro
A Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS) 2019, divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), revela que havia no Brasil, naquele ano, 17,3
milhões de pessoas de 2 anos ou mais de idade com deficiência em pelo menos uma
de suas funções. O número correspondia a 8,4% da população nessa faixa etária.
Do total de pessoas com deficiência, 14,4 milhões residiam em domicílios
urbanos e 2,9 milhões na área rural; 10,5 milhões eram mulheres e 6,7 milhões,
homens; 7,8 milhões eram pardas (8,5%), 7,1 milhões, brancas (8%), e 2,1
milhões, pretas (9,7%).
Por região, o
maior percentual de pessoas com deficiência foi encontrado no Nordeste (9,9%),
seguido do Sudeste (8,1%), Sul (8%), Norte (7,7%) e Centro-Oeste (7,1%). De
acordo com o IBGE, todos os estados da Região Nordeste tiveram percentuais
acima da média nacional, com destaque para Sergipe (12,3%).
A pesquisa foi
feita em parceria com o Ministério da Saúde, com base em amostra de 108 mil
domicílios. Ela mostra também que 24,8%, ou o equivalente a 8,5 milhões de
pessoas com deficiência, estavam no grupo etário de 60 anos ou mais, enquanto
332 crianças (1,5%) se encontravam no grupo de 2 a 9 anos. As entrevistas
ocorreram entre os dias 26 de agosto de 2019 e 13 de março de 2020, embora a
data de referência da pesquisa seja 27 de julho de 2019, segundo o IBGE.
Perda de
funções
Por volta dos
40 anos de idade, ocorre aumento significativo no percentual de pessoas com
deficiência (32,4%), indicando os primeiros indícios do processo de
envelhecimento e, em consequência, alguma perda em suas funções visuais,
auditivas, motoras e intelectuais.
Tomando por
base o nível de escolarização, a sondagem identificou que nas pessoas com 18
anos ou mais com deficiência, o índice da população com nível superior completo
era de 5%, contra 17% das pessoas sem deficiência. Em relação ao ensino médio
completo ou superior incompleto em 2019, isso incluía 16,6% da população com
deficiência, contra 37,2% das pessoas sem deficiência. Mais de 67% (67,6%) da
população com alguma deficiência não tinham instrução ou tinham o ensino
fundamental incompleto, percentual menor (30,9%) para as pessoas sem nenhuma
das deficiências investigadas.
Embora a Lei
13.146, em seu Artigo 8º, assegure o direito ao trabalho para as pessoas com
deficiência, a PNS 2019 constatou que o nível de ocupação das pessoas de 14
anos ou mais com deficiência foi de apenas 25,4%, contra 57% na população em
geral, atingindo até 60,4% nas pessoas sem deficiência em idade para trabalhar.
O desnível entre os dois grupos populacionais foi marcante em todas as regiões.
A proporção de pessoas com deficiência em domicílios com renda per capita (por
indivíduo) de meio a um salário mínimo foi de 10,7%, caindo para 6,3% nos
domicílios com rendimento de mais de dois a três salários mínimos; para 5,8%
naqueles com rendimento com mais de três a cinco salários mínimos; e para 4,6%
nos domicílios que superavam cinco salários mínimos per capita.
Libras
Segundo o
IBGE, 3,4% da população com dois anos ou mais de idade declararam ter muita
dificuldade ou que não conseguiam enxergar de modo algum, o que correspondia a
6,9 milhões de brasileiros com deficiência visual, sendo de 2,7% na população
masculina e de 4% na feminina. No caso da deficiência auditiva, 2,3 milhões de
brasileiros com dois anos ou mais de idade declararam ter muita dificuldade ou
não ouvir de modo algum, o que constituía 1,1% da população brasileira no
período, atingindo homens e mulheres com 1,1%. Do total, 22,4% disseram conhecer
a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A PNS
investigou, pela primeira vez, se brasileiros, independentemente de serem
pessoas com deficiência, sabiam usar Libras. Percebeu-se que 2,4% da população
com cinco anos ou mais, totalizando 4,6 milhões, sabiam usar a língua. As
pessoas com deficiência nos membros superiores ou inferiores somavam 4,9% da
população em 2019, ou o equivalente a 10,1 milhões. A maior concentração de
pessoas com deficiência física era na população fora da força de trabalho (10%),
enquanto 1,2% (2,5 milhões de pessoas) apresentavam deficiência mental.
Envelhecimento
O
envelhecimento da população foi objeto também da pesquisa do IBGE e Ministério
da Saúde, tendo em vista o aumento da expectativa de vida, que passou de 74,9
anos, em 2013, para 76,6 anos, em 2019. As pessoas com 60 anos ou mais foram
estimadas, em 2019, em 16,4% da população, atingindo 34,4 milhões, contra 13,2%
ou o correspondente a 26,3 milhões, em 2013.
A PNS revela
ainda que 9,5% (ou 3,3 milhões) das pessoas de 60 anos ou mais tinham
dificuldade para realizar suas atividades diárias, como comer, tomar banho, ir
ao banheiro, vestir-se, andar em casa de um cômodo para outro no mesmo andar,
deitar-se ou levantar-se da cama sozinho. Todas as grandes regiões apresentaram
níveis semelhantes à média nacional. O percentual de mulheres nessas condições
(10,6%) superou o dos homens (8,2%).
A pesquisa
identificou que quanto mais elevada a idade, maior a proporção de pessoas com
limitações, variando de 5,3% para as de 60 a 64 anos, até 18,5% para as de 75
anos ou mais. Sobre o nível de instrução, constatou-se que quanto mais elevado
ele era, menor era o indicador investigado: para as pessoas sem instrução, os
maiores de 60 anos com limitações representavam 16%; com fundamental incompleto,
9,7%; e com fundamental completo ou mais, 6,3%.
Medicamentos
Outra
abordagem se referiu ao uso de medicamentos. A estimativa foi que 75,4% das
pessoas de 60 anos ou mais faziam uso regular ou contínuo de algum medicamento
receitado por médico. Desse total, 81,1% eram mulheres e 67,8%, homens. Na
população parda, o percentual alcançou 72,2%, contra 77,5% e 76% nas populações
branca e preta, respectivamente. Os grupos de idade mais avançada registraram
percentuais mais elevados (19%) que os de menor idade (3,3%). Por regiões,
Norte (61,7%) e Nordeste (72,7%) apresentaram proporções abaixo da média
nacional.
A vacina
contra a gripe foi tomada por 72,3% das pessoas de 60 anos ou mais de idade nos
12 meses anteriores à data da entrevista. A população de 60 a 64 anos
apresentou estimativas mais baixas que as dos demais grupos etários, com um
percentual de vacinação de 66,3%, enquanto os grupos de 65 a 74 anos e de 75
anos ou mais registraram adesão de 74,4% e 75,8%, respectivamente. Para as
pessoas que disseram não ter tomado a vacina, o principal motivo (41,8%) foi
não achar necessário ou raramente ficar gripado, seguido de medo da reação por
19,8%.
Entre os
idosos de mais de 60 anos, 15,5% sofreram alguma queda nos 12 meses anteriores
à entrevista e 34,6% foram diagnosticados com catarata.
As informações
da PNS 2019 serão utilizadas para subsidiar a formulação de políticas públicas
nas áreas de promoção, vigilância e atenção à saúde do Sistema Único de Saúde
(SUS), devendo seus resultados fomentarem a resposta e o monitoramento de
indicadores nacionais e internacionais, informou o IBGE.
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