Vendas no comércio varejista caem 1,7% em junho, aponta
IBGE
Queda ocorre após dois meses de alta
Publicado em 11/08/2021 - 11:35 Por Akemi Nitahara –
Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
As vendas do comércio varejista apresentaram queda de 1,7%
em junho após registrar alta por dois meses seguidos. Foi a maior retração do
ano e a segunda maior queda para um mês de junho em toda a série histórica,
iniciada no ano 2000. Na passagem de maio para junho, a maior queda ocorreu em
2002, quando as vendas caíram 2%.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC),
divulgada hoje (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Mesmo com a queda, o varejo em junho ficou 2,6% acima do patamar
pré-pandemia da covid-19, devido à recuperação ocorrida no segundo semestre do
ano passado.
O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explicou que a
queda no varejo pode ser um reflexo do aumento dos juros, que compromete a
capacidade de consumo das famílias.
“Em junho, já começa a ter alguns sinais de aumento de
juros. A família tem algumas maneiras de fazer gastos, através de rendimentos
habituais, de rendimentos extra habituais, de poupança ou de crédito. Então, à
medida que os juros começam a crescer, o crédito começa a diminuir. Isso também
rebate no indicador das vendas”, disse Cristiano.
De acordo com ele, o aumento da inflação também contribuiu
para o resultado negativo do comércio.
“Também tem um certo cenário de inflação nesses resultados.
Isso aparece quando a gente faz a comparação entre o resultado do volume de
vendas, que teve queda de 1,7% em junho, e nas receitas ele foi 1,5% acima de
maio. Essa invertida no valor nominal que a gente apura tem esse fenômeno das
pressões inflacionárias”, explicou.
Análise semestral
As vendas no comércio varejista fecharam o primeiro
semestre do ano com alta de 6,7%, na comparação com o mesmo período do ano
anterior, quando o resultado ficou negativo em 3,2%, com o início da pandemia
da covid-19. Nos últimos 12 meses, a alta acumulada é de 5,9%.
De acordo com Cristiano, apesar da alta, o resultado deve
ser considerado em perspectiva, tendo em vista a base de comparação negativa do
primeiro semestre de 2020.
“A gente teve semestres muito destacados. A questão de
novas restrições, que aconteceu no primeiro semestre de 2021, com relação a,
por exemplo, abertura de lojas físicas, horário de funcionamento, isso tudo é
um cenário mais ou menos o espelho do primeiro semestre de 2020, porque ele
acaba por restringir essa oferta dessas lojas e acaba afetando a receita dessas
empresas que tiveram essas restrições. Isso aconteceu, mas com amplitude menor
agora no primeiro semestre de 2021”, disse.
Setores
Segundo o IBGE, entre as oito atividades investigadas pela
pesquisa, cinco apresentaram queda de maio para junho. A mais intensa foi
verificada em tecidos, vestuário e calçados, que caiu 3,6%, depois de crescer
16,3% em abril e 10,2% em maio.
O setor foi um dos mais afetados pela pandemia, com queda
de 38,7% no primeiro semestre de 2020 e de 9,8% no segundo. A recuperação de
32,6% registrada nos seis primeiros meses do ano não foi o suficiente para
alcançar o patamar pré-pandemia.
Também recuaram na passagem mensal os setores de outros artigos
de uso pessoal e doméstico (2,6%), combustíveis e lubrificantes (1,2%) e
hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,5%).
O setor de livros, jornais, revistas e papelaria cresceu 5% em junho, o terceiro resultado positivo seguido. Os aumentos não recuperaram as perdas da pandemia, e a queda acumulada de janeiro e junho é de 22,8%. No ano passado, o setor perdeu 28,8% no primeiro semestre e 32,7% no segundo, após um 2019 com grandes perdas também.
Também cresceram na comparação mensal as vendas de móveis e
eletrodomésticos (1,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de
perfumaria e cosméticos (0,4%).
Na comparação entre maio e junho de 2021, as vendas no
varejo caíram em 18 das 27 unidades da federação. A maior queda foi no Amapá
(16,7%), seguido de Rio Grande do Sul (5,1%) e Mato Grosso do Sul (4%). Os
maiores crescimentos foram no Ceará (2,5%), Espírito Santo (2,2%) e Pará
(1,9%).
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