Nível do mar
continua a subir em ritmo alarmante, alerta relatório
Aumento é de
3,1 milímetros por ano
Publicado em 22/09/2021 -
09:50 Por RTP - Lisboa
RTP - Rádio e Televisão de
Portugal
O nível dos oceanos
continua a subir em ritmo alarmante de
3,1 milímetros (mm) por ano, devido ao aquecimento global e ao derretimento do
gelo na Terra, informou hoje (22) o Serviço de Monitoramento do Meio Marinho do
programa Copernicus.
A extensão do gelo marinho
do Ártico tem diminuído constantemente. Entre 1979 e 2020 perdeu o equivalente
a seis vezes o tamanho da Alemanha, de acordo com o relatório divulgado nesta
quarta-feira.
A extrema variação entre
períodos de frio e ondas de calor no Mar do Norte está relacionada com mudanças
na captura de linguado, lagosta europeia, robalo, salmonete e caranguejos.
A poluição causada pelas
atividades em terra, como a agricultura e a indústria, tem impacto nos
ecossistemas marinhos, reforçaram os especialistas na quinta edição do
relatório sobre o estado dos oceanos.
O aquecimento dos oceanos
e o aumento de salinidade intensificaram-se no Mediterrâneo na última década.
"Estima-se que o
aquecimento do Oceano Ártico contribua com quase 4% para o aquecimento global
dos oceanos", diz o relatório.
Mais de 150 cientistas, de
cerca de 30 instituições europeias, colaboraram no trabalho. De acordo com as
conclusões, o oceano passa por "mudanças sem precedentes", o que
terá enorme impacto no bem-estar humano
e nos ambientes marinhos.
"As temperaturas da
superfície e subsuperfície do mar aumentam em todo o mundo e os níveis do mar
continuam a subir a taxas alarmantes: 2,5 mm por ano no Mediterrâneo e até 3,1
mm por ano globalmente", afirmaram os peritos.
O documento é apresentado
como uma referência para a comunidade científica, líderes mundiais e o público
em geral.
A combinação desses
fatores pode causar "eventos extremos" em áreas mais vulneráveis,
como Veneza, onde em 2019 uma subida do nível das águas fora do comum, uma
forte maré e condições climáticas extremas na região provocaram a chamada
"Acqua Alta" - quando o nível da água subiu para um máximo de 1,89
metros.
"Esse foi o nível de água mais alto registado desde 1966 e mais de 50% da cidade foram inundados", lembram os autores do documento.
Os cientistas explicaram
que a poluição por nutrientes oriundos de atividades terrestres, como a
agricultura e a indústria, tem "efeito devastador na qualidade da
água" do oceano.
O aumento do crescimento
das plantas pode levar à redução dos níveis de oxigênio na água do mar e até
mesmo bloquear a luz natural, "com efeitos potencialmente graves" nos
ambientes costeiros e na biodiversidade marinha.
No Mar Negro, por exemplo,
o percentual de oxigénio tem diminuído desde o início das medições, em 1955.
O aquecimento da água do
mar faz com que algumas espécies de peixes migrem para águas mais frias,
levando à introdução de espécies não nativas num determinado habitat, como
aconteceu em 2019 quando o peixe-leão migrou do Canal do Suez para o Mar
Jónico, devido ao aumento das temperaturas na Bacia do Mediterrâneo.
Segundo o relatório, o
gelo marinho do Ártico continua muito abaixo da média e diminui em ritmo
alarmante.
Nos últimos 30 anos, o
gelo marinho do Ártico diminuiu continuamente em extensão e espessura. Desde
1979, a cobertura de gelo em setembro reduziu 12,89% por década, com mínimos
recordes nos últimos dois anos.
A perda contínua do gelo
marinho do Ártico pode contribuir para o aquecimento regional, a erosão das
costas árticas e as mudanças nos padrões climáticos globais.
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