Desgraçado progresso que escamoteia as tradições saudáveis e repousantes. O ‘café’ de antigamente era uma pausa revigorante na alucinação da vida cotidiana. Alguém dirá que nem tudo era paz nos cafés de antanho, que havia muita briga e confusão neles. E daí? Não será por isso que lamento seu desaparecimento do Rio de Janeiro. Hoje, se houver desaforo, a gente o engole calado e humilhado. Já não se pode nem brigar. Não há clima nem espaço.
(ALENCAR, E. Os cafés do Rio. Antigos cafés do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Kosmos, 1989)
O autor lamenta o desaparecimento dos antigos cafés pelo fato de estarem relacionados com:
A) a economia da República Velha, baseada essencialmente no cultivo do café.
B) o ócio (“pausa revigorante”) associado ao escravismo que mantinha a lavoura cafeeira.
C) a especulação imobiliária, que diminuiu o espaço disponível para esse tipo de estabelecimento.
D) a aceleração da vida moderna, que tornou incompatíveis com o cotidiano tanto o hábito de “jogar conversa fora” quanto as brigas.
E) o aumento da violência urbana, já que as brigas, cada vez mais frequentes, levaram os cidadãos a abandonarem os cafés do Rio de Janeiro.