Recuperação do emprego é puxada por
trabalhadores autônomos
Contingente chegou ao recorde de 25,2 milhões
de pessoas
Publicado em 30/09/2021 - 13:00 Por Akemi Nitahara –
Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
No trimestre móvel encerrado em julho, o número de trabalhadores
por conta própria manteve a trajetória de crescimento, iniciada no período
encerrado em outubro do ano passado, e atingiu o patamar recorde de 25,2
milhões de pessoas. Na comparação com o trimestre encerrado em abril, o aumento
foi de 4,7%, com mais 1,1 milhão de pessoas.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) Contínua e foram divulgados hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desocupação caiu 1 ponto percentual
no período, para 13,7, e representa um contingente de 14,1 milhões de pessoas
em busca de um trabalho.
Na comparação com o mesmo trimestre móvel de 2020, houve
aumento de 3,8 milhões de pessoas trabalhando por conta própria, uma alta de
17,6%. A analista da pesquisa Adriana Beringuy destaca que essa é a forma de
inserção no mercado de trabalho que mais vem crescendo nos últimos trimestres,
embora o trabalho com carteira assinada comece a ter resultados mais
favoráveis, com aumento de 3,5%, totalizando 30,6 milhões de pessoas.
“Diferente da população ocupada como um todo, que embora
esteja crescendo, ainda permanece num nível abaixo do período pré-pandemia, no
caso específico do conta própria, essa reposição foi feita e ainda supera ao
que ocorria no período pré-pandemia. É uma reação [do mercado de trabalho]
muito voltada para o trabalho por conta própria”, disse a analista.
Informalidade
De acordo com Adriana Beringuy, com esse aumento do
trabalho por conta própria, o nível de informalidade também atingiu um nível
recorde, com taxa de 40,8%.
“A gente tem um recorde de informalidade. A população
ocupada em julho foi estimada em 89 milhões, com um incremento de 3,1 milhões
no trimestre. Já a população informal ficou estimada em 36,3 milhões, portanto
um aumento de 2 milhões. A população ocupada no trimestre expandiu 3,6% e a
informalidade 6,1%”, disse.
O trabalho informal inclui as pessoas sem carteira assinada
no setor privado e doméstico, empregadores ou empregados por conta própria sem
CNPJ e trabalhadores sem remuneração. No trimestre anterior, a taxa de
informalidade foi de 39,8%, com 34,2 milhões de pessoas. Há um ano, esse
contingente era menor de 30,7 milhões, com taxa de 37,4%, o menor patamar da
série.
O grupo chamado de subutilizados somou 31,7 milhões, uma redução de 4,7% na comparação trimestral, quando eram 33,3 milhões de pessoas. Com isso, a taxa composta de subutilização caiu 1,6 ponto percentual, para 28,0%.
Os trabalhadores subocupados por insuficiência de horas
trabalhadas chegaram ao número recorde de 7,7 milhões de pessoas, um aumento de
7,2%, com mais 520 mil pessoas nessa condição. Na comparação anual, o indicador
subiu 34%.
Os desalentados, que desistiram de procurar trabalho devido
às condições estruturais do mercado diminuíram 10% no trimestre fechado em
julho, somando 5,4 milhões de pessoas. Em relação ao mesmo trimestre móvel de
2020, a redução foi de 7,3%.
Os dados do IBGE mostram que houve expansão também no
trabalho doméstico, que subiu 7,7% no trimestre, somando 5,3 milhões de
pessoas. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o aumento foi de
16,1%, um adicional de 739 mil pessoas. Este foi o maior crescimento em toda a
série histórica.
A categoria dos empregadores ficou estável, com 3,7
milhões, assim como os empregados do setor público, que somam 11,8 milhões.
Atividades econômicas
Entre as atividades econômicas, o crescimento da ocupação
no trimestre subiu em seis dos dez grupos pesquisados e nenhum registrou
perdas. O setor que mais cresce foi a construção, que avançou 10,3%. Em seguida
vem alojamento e alimentação (9%), serviços domésticos (7,7%), transporte,
armazenagem e correio (4,9%), comércio, reparação de veículos automotores e
motocicletas (4,5%) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e
aquicultura (3,2%).
Na comparação anual, o crescimento atingiu oito atividades,
com destaque para construção (23,8%), alojamento e alimentação (16,8%) e
serviços domésticos (16,5%), atividades que, segundo a analista da Pnad,
tiveram perdas muito acentuadas na pandemia e ainda estão recompondo o
contingente de trabalhadores.
Segundo Adriana Beringuy, apesar do crescimento da
população ocupada, o rendimento médio real dos trabalhadores diminuiu 2,9%
frente ao trimestre anterior, ficando em R$ 2.508. Na comparação anual, a queda
foi de 8,8%. A massa de rendimento real, que soma todos os rendimentos dos trabalhadores,
ficou estável em R$ 218 bilhões.
“Temos mais pessoas ocupadas, no entanto, com rendimentos
menores. Isso faz com que a massa de rendimentos fique estável. A despeito de
um crescimento tão importante da população ocupada, a massa de crescimento não
acompanha a expansão, devido ao fato de a população ocupada estar sendo
remunerada com rendimentos menores, tanto na comparação trimestral quanto na
anual”, explica a analista.
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