Afeganistão: quase 23 milhões vão sofrer insegurança
alimentar aguda
Alerta é feito por agências da Organização das Nações
Unidas
Publicado em 25/10/2021 - 08:05 Por RTP - Cabul
RTP - Rádio e Televisão de Portugal
Cerca de 22,8 milhões de afegãos, mais de metade da
população do país, estarão neste inverno em situação de insegurança alimentar
aguda, levando o país a uma das piores crises humanitárias do mundo. O alerta
foi feito hoje (25) por agências da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Neste inverno, milhões de afegãos serão forçados a
escolher entre migrar ou morrer de fome, a menos que possamos aumentar nossa
ajuda para salvar vidas", disse David Beasley, diretor executivo do
Programa Alimentar Mundial (PAM), em comunicado conjunto com a Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A crise alimentar no Afeganistão já é mais grave do que na
Síria ou no Iêmen. Apenas a República Democrática do Congo (RD Congo) está numa
situação mais desesperadora, disseram funcionários da ONU à agência de notícias
francesa AFP.
"O Afeganistão está agora entre os piores desastres
humanitários do mundo, senão o pior", acrescentou Beasley.
"A contagem regressiva para o desastre começou e se
não agirmos agora, teremos o desastre total nas nossas mãos", alertou.
Sob os efeitos combinados da guerra, aquecimento global e
crises econômicas e de saúde, mais de 50% da população afegã estarão neste
inverno nos níveis 3 (crise alimentar) e 4 (emergência alimentar) do índice IPC
(Quadro Integrado de Classificação de Segurança Alimentar), desenvolvido em
colaboração com a ONU.
O estágio 3 é caracterizado por subnutrição aguda grave ou
incomum e o estágio 4, por subnutrição aguda muito elevada e mortalidade
excessiva. O último estágio (5) é o da fome.
Esse é o número mais alto desde que as Nações Unidas
começaram a analisar esses dados no Afeganistão, há dez anos.
De acordo com o PAM, 37% mais afegãos sofrem atualmente de
insegurança alimentar aguda em comparação com abril de 2021. Entre esses, 3,2
milhões de crianças menores de cinco anos sofrerão de subnutrição aguda até o
fim do ano.
O Afeganistão está devastado por mais de quatro décadas de
conflito e sofre as consequências do aquecimento global, que levou a secas
severas em 2018 e 2021.
A sua economia estagnou desde que os talibãs assumiram o
poder em agosto, o que levou a comunidade internacional a congelar a ajuda da
qual o país já dependia fortemente.
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