Manifestantes contra golpe no Sudão mantêm-se nas ruas
Aeroporto de Cartum deve reabrir hoje
Publicado em 27/10/2021 - 07:07 Por RTP - Cartum (Sudão)
RTP - Rádio e Televisão de Portugal
As manifestações continuam nas ruas de cidades do Sudão, em
protesto contra o golpe de Estado militar e a prisão de dirigentes civis,
especialmente do primeiro-ministro Abdallah Hamdonk, retido em casa.
O diretor do Serviço de Aviação Civil anunciou que o
aeroporto de Cartum deverá reabrir ao meio-dia de hoje (27).
Vários países criticaram o golpe de Estado militar,
sobretudo depois de o general Abdel Fattah al-Burhane, líder do movimento, ter
anunciado a dissolução de todas as instituições do Sudão e a prisão dos líderes
civis.
O movimento dos militares põe fim à frágil transição
democrática no país, iniciada em 2019.
Após o golpe de Estado, nessa segunda-feira, Washington
suspendeu parte da ajuda financeira ao país, um dos Estados mais pobres do
mundo, e a União Europeia (UE) admite adotar a mesma medida.
Para a diplomacia de Moscou, os acontecimentos no Sudão
"são resultado lógico de uma política fracassada".
Espera-se ainda uma reação do Conselho de Segurança das
Nações Unidas e do Fundo Monetário Internacional, instituição que gere a ajuda
financeira ao país.
Nesta quarta-feira, quatro manifestantes morreram durante
disparos da polícia, em Cartum, a capital.
As forças de segurança desmontaram algumas barricadas e,
segundo a France Presse, estão prendendo manifestantes que se opõem ao golpe.
Em 2018 e 2019, as manifestações de protesto - que fizeram mais de 250 mortos - levaram ao afastamento, pelos militares, do ditador Omar el Bechil.
De acordo com a AFP, na capital sudanesa os militares
ocupam posições com veículos blindados nos arredores da cidade.
Grupos políticos apelaram à "desobediência
civil", e os sindicatos decretaram greve geral.
A maior parte dos estabelecimentos comerciais está fechada
e há cortes constantes nas telecomunicações, o que impede os manifestantes de
estabelecer ligações com o exterior.
Vários dirigentes políticos foram presos, e o campus da
Universidade de Cartum encontra-se ocupado pelas forças militares.
Nessa terça-feira, para denunciar a violência e o golpe de
Estado, os embaixadores sudaneses em Paris, Bruxelas e Genebra rejeitaram
diretamente as ações dos militares e proclamaram suas sedes como
"embaixadas do "povo".
Primeiro-ministro
O primeiro-ministro deposto do Sudão, Abdallah Hamdok, e a
sua esposa voltaram para casa nessa terça-feira à noite, um dia depois de terem
sido detidos pelos militares que promoveram o golpe.
Não há informações se o governante ficará em prisão
domiciliar. Ele foi detido e transferido para um "local
desconhecido", depois de se ter recusado a assinar declaração de apoio ao
golpe de Estado.
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