PIB recua
1% em agosto, aponta Ibre/FGV
Na
comparação interanual, a economia avançou 4,4%
Publicado em
19/10/2021 - 11:50 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil -
Rio de Janeiro
A atividade
econômica registrou em agosto um recuo de 1% em relação ao mês anterior e alta
de 0,7% no trimestre móvel encerrado no oitavo mês do ano, se comparado ao
período concluído em maio. Foi o que apontou a análise da série dessazonalizada
do Monitor do PIB-FGV, divulgada hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Já na comparação interanual, a
economia avançou 4,4% em agosto e 6,7% no trimestre móvel terminado no mesmo
mês. Em termos monetários, a estimativa é de que no acumulado do ano até agosto
de 2021, em valores correntes, o Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e
dos serviços produzidos no país), ficou em R$ 5,680 trilhões.
Para o
coordenador do Monitor do PIB-FGV, Cláudio Considera, a economia brasileira
continua em trajetória de recuperação em relação à forte queda de 2020 causada
pela pandemia da covid-19. Os dados indicam que até agosto a taxa de
crescimento do PIB em 12 meses ficou em 3,6%, em relação à verificada nos 12
meses até agosto de 2020, que apresentou queda de 3,1%.
Considera
disse que o setor de serviços, que registrou quedas mensais consecutivas e
altas entre março do ano passado e igual mês deste ano, desde abril apresenta
desempenhos positivo com a taxa acumulada positiva em 12 meses a partir de
junho, sendo em agosto de 2,6%. “No setor de serviços tem relevância a
atividade de outros serviços, que representa cerca de 15% do PIB, que chegou a
ter taxa mensal negativa de 22,8% e que apresentou taxas positivas elevadas
desde abril deste ano”, disse.
De acordo com
o coordenador, o desempenho positivo do setor de serviços é um reflexo da
vacinação contra a covid-19. “Esse desempenho se deve à maior abrangência da
vacinação, que possibilitou a maior interação entre as pessoas com idas a
hotéis, bares, restaurantes, viagens etc. Isso é compatível com o consumo de
serviços por parte das famílias que no mês de agosto cresceu 8,2%”, explicou.
Pandemia
Segundo o
Ibre, “por causa da influência da pandemia da covid-19 nos fatores sazonais de
2020, que podem não estar realmente relacionados à sazonalidade, foi realizado
no relatório divulgado nesta terça-feira um exercício adicional com relação a
série com ajuste sazonal”.
O Ibre
informou que alguns institutos de estatística internacionais estão analisando
esses impactos e, “por essa razão, além do ajuste sazonal habitual que
contempla o período de janeiro de 2000 a agosto de 2021, foi realizado
adicionalmente o ajuste sazonal para 2020 e 2021 considerando os fatores
sazonais referentes a 2019 e o fator calendário corrente”.
Conforme os
pesquisadores, os resultados mostram que, se forem utilizados os fatores
sazonais da série do PIB do período de 2000 até 2019, a taxa de variação em
agosto de 2021 aponta para queda de 2,3%, inferior à de 1% observada considerando
todo o período de 2000 até agosto de 2021. “Esses resultados sugerem que as
taxas ajustadas sazonalmente devem ser analisadas com cautela, pois a pandemia
pode ter influenciado os fatores sazonais não apenas por razões econômicas como
também estatísticas”, indicou o relatório.
Consumo das
famílias
No trimestre
móvel terminado em agosto, o consumo das famílias subiu 6,5%, se comparado ao
mesmo período do ano passado. O resultado foi influenciado, principalmente,
pelo crescimento de 9,8% nos serviços. Na série com ajuste sazonal, o consumo
das famílias avançou 1,9% no trimestre móvel de junho a agosto, em relação ao
concluído em maio.
FBCF
Também no
trimestre móvel terminado em agosto, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF),
que representa os investimentos, cresceu 18,5% na comparação ao mesmo período
do ano passado. De acordo com o Ibre, todos os componentes mantiveram a
trajetória de crescimento. Apesar disso, na série ajustada sazonalmente, a FBCF
registrou recuo de 3,5% no trimestre móvel de junho a agosto, na comparação
entre março e maio.
Exportação
e importação
A exportação
teve alta de 3% no trimestre móvel de junho a agosto, em relação ao mesmo
período do ano passado. “Apenas os componentes da agropecuária e da extrativa
mineral não contribuíram positivamente para esse crescimento. Na análise da
série dessazonalizada, a exportação apresentou retração de 7% no trimestre
móvel findo em agosto, em comparação ao findo em maio”, apontou o relatório.
A importação
teve elevação relevante de 32,7% no trimestre móvel de junho a agosto, na
comparação com o mesmo período de 2020. O resultado foi influenciado,
principalmente, pelo elevado crescimento de bens intermediários (40,8%).
Taxa de
investimento
Em agosto de
2021, a taxa de investimento ficou em 17,6%, na série a valores correntes.
“Esse resultado apresenta uma taxa de investimento abaixo da taxa de
investimento média mensal considerando o período desde 2000”, indicou a
análise.
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