População residente em área indígena e quilombola supera
2,2 milhões
A informação é resultado de estudo divulgado pelo IBGE
Publicado em 15/10/2021 - 12:46 Por Ana Cristina Campos –
Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
estima em 1.108.970 pessoas residentes em localidades indígenas e 1.133.106
moram em quilombos no Brasil. A publicação Dimensionamento emergencial de
população residente em áreas indígenas e quilombolas para ações de
enfrentamento à pandemia provocada pelo novo coronavírus foi produzida em
caráter de urgência em 2020 a pedido do Ministério da Saúde, com o objetivo de
planejar a imunização de grupos vulneráveis contra a covid-19.
Utilizando uma combinação de dados do Censo 2010 com a versão mais atualizada da Base Territorial, que estima o número de domicílios ocupados, o estudo levou em consideração áreas já mapeadas no planejamento do próximo Censo, a ser realizado em 2022.
“Muito do que foi divulgado só foi possível graças ao
planejamento do próximo Censo, com o mapeamento e a criação de uma base
territorial que contempla a autodeclaração das comunidades quilombolas. Isso é
inédito”, disse, em nota, a analista responsável pelo Projeto de Povos e
Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes.
A pesquisadora destacou o caráter experimental da
estimativa emergencial. “Somente com o Censo 2022 nós vamos conhecer a
população quilombola. O que fizemos até aqui é uma metodologia de estimação
muito específica, para um momento específico, com um uso específico. Esses
dados não podem ser usados como estimativa populacional para outra finalidade”,
afirmou Marta.
“Um detalhe que talvez passe despercebido – e que o
relatório também esclarece – é que o dimensionamento emergencial não traz o
total de população indígena ou quilombola, mas a quantidade de pessoas
residindo em localidades indígenas ou quilombolas”, diz o IBGE.
O gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do
IBGE, Fernando Damasco, ressaltou a importância da divulgação desses dados, em
tempo hábil, para as secretarias de saúde e gestores locais.
“O grande avanço que essa estimação dá é revelar
concentrações populacionais desses grupos nos municípios, porque muitas vezes
não são conhecidos pelo poder público local. A própria prefeitura, que executa
o Plano Nacional de Imunização, muitas vezes desconhece que essas comunidades
estão lá”.
Os resultados, na avaliação dos pesquisadores, superam a
missão de atender a uma demanda pontual. “Mesmo com limitações, a visibilidade
da população quilombola é algo muito importante, que vai além do plano de
imunização”, disse Marta.
Damasco acrescentou que “os resultados já dão indícios do
que o Censo Demográfico vai trazer e, com isso, também dão pistas de como atuar
para a captação dessas populações no próximo Censo”.
Áreas quilombolas
A estimativa mostrou que, de 1,13 milhão de residentes em
localidades quilombolas no Brasil, 698,1 mil estão na região Nordeste, com
destaque para os estados da Bahia (268,6 mil) e do Maranhão (170,9 mil), que
juntos concentram quase metade da população brasileira em quilombos.
O terceiro estado em número de população é Minas Gerais
(130,8 mil), seguido do Pará (129,8 mil). As regiões Sudeste e Norte têm,
respectivamente, uma estimativa de 172 mil e 154,9 mil pessoas. A região Sul
tem 73 mil, e a Centro-Oeste, 35 mil.
Apenas os estados do Acre e Roraima não têm essa população
dimensionada. “O que percebemos é a presença de população em área quilombola em
quase todos os estados, e isso mostra que é uma população bastante dispersa. Há
um número significativo de municípios em que essa população está presente”,
disse Fernando Damasco.
Áreas indígenas
Os estados com maior população estimada em áreas indígenas
são Amazonas (284,5 mil), Mato Grosso (145,3 mil), Pará (105,3 mil) e Roraima
(83,8 mil). Juntos, eles contabilizam 55,8% do total de residentes em áreas
indígenas.
Pernambuco (80,3 mil) e Mato Grosso do Sul (78,1 mil)
também registraram maior número de pessoas em áreas indígenas. As populações
nos demais estados não ultrapassam 50 mil pessoas. Por regiões, a liderança é a
Região Norte (560,4 mil), seguida da Nordeste (234,7 mil), Centro-Oeste (224,2
mil), Sul (59,9 mil) e Sudeste (29,8 mil).
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