As
mãos de Ediene
Ediene
tem 16 anos, rosto redondo, trigueiro, índio e bonito das meninas do sertão nordestino.
Vaidosa, põe anéis nos dedos e pinta os lábios com batom. Mas Ediene é
diferente. Jamais abraçará, não namorará de mãos dadas e, se tiver filhos, não
os aconchegará em seus braços para dar-lhes o calor e o alimento dos seios da
mãe. A razão é simples: Ediene não tem braços. Ela os perdeu numa maromba,
máquina do século passado, com dois cilindros de metal que amassam barro para
fazer telhas e tijolos numa olaria. Os dedos que enche de anéis são os dos pés,
com os quais escreve, desenha e passa batom nos lábios. Ela é uma das centenas
de crianças mutiladas todos os anos, trabalhando como gente grande em troca de
minguados cobres.
(UTZERI,
F. As mãos de Ediene. Jornal do Brasil, Caderno B, 2 dez. 1999)
Os
recursos estilísticos de um texto servem para torná-lo esteticamente mais
eficaz. Em As mãos de Ediene, o autor alcança esse objetivo ao coordenar
adjetivos no 1. ° período. Tal procedimento busca:
A) despertar
no leitor, desde o início, simpatia pela menina.
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