Nestes
últimos anos, a situação mudou bastante e o Brasil, normalizado, já não nos
parece tão mítico, no bem e no mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois
países de expressão portuguesa de um lado e do outro do Atlântico: o Brasil
descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, voltou a descobrir
o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por expressões linguísticas, as
telenovelas, os romances, a poesia, a comida e as formas de tratamento
brasileiros. O mesmo, embora em nível superficial, dele excluído o plano da
língua, aconteceu com a Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da
inserção na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira, da
problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da problemática social
emergente do fenômeno dos meninos de rua, e até do álibi ocultista dos romances
de Paulo Coelho, continua todos os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo
Brasil. Se, no fim do século XIX, Sílvio Romero definia a literatura brasileira
como manifestação de um país mestiço, será fácil para nós defini-la como
expressão de um país polifônico: em que já não é determinante o eixo Rio-São
Paulo, mas que, em cada região, desenvolve originalmente a sua unitária e
particular tradição cultural. É esse, para nós, no início do século XXI, o novo
estilo brasileiro.
(STEGAGNO-PICCHIO,
L. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004 -
adaptado)
No
texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história, foi, aos
poucos, construindo uma identidade cultural e literária relativamente autônoma
frente à identidade europeia, em geral, e à portuguesa em particular. Sua
análise pressupõe, de modo especial, o papel do patrimônio literário e
linguístico, que favoreceu o surgimento daquilo que ela chama de “estilo
brasileiro”.
Diante
desse pressuposto, e levando em consideração o texto e as diferentes etapas de
consolidação da cultura brasileira, constata-se que:
A) o
Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século XIX, o que o fez assimilar
novos gêneros artísticos e culturais, assim como usos originais do idioma,
conforme ilustra o caso do escritor Machado de Assis.
D) o
Brasil continua sendo, como no século XIX, uma nação culturalmente mestiça,
embora a expressão dominante seja aquela produzida no eixo Rio-São Paulo, em
especial aquela ligada às telenovelas.
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