Texto
I
Logo
depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do
dia lhes proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não
mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de
idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam
pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que
circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava,
mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às
canções que vinham das embarcações...
(AMADO,
J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 - fragmento)
Texto
II
À
margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro
– ali os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as
suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras
do mercado.
(TREVISAN,
D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 -
fragmento)
Sob
diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária
recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,
A) a
linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.
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